Na segunda-feira, 13, o ex-deputado e ex-secretário de Turismo, Cultura e Esporte Gilmar Knaesel (PSDB) foi preso em Florianópolis por agentes da Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic). A Operação Bola Murcha indiciou outras 12 pessoas, que, segundo a polícia civil, são integrantes de organizações não governamentais, possíveis laranjas do esquema e até mesmo familiares de alguns dos envolvidos. Saiba quem é quem:
Gilmar Knaesel – preso
Apontado como mentor e principal beneficiário de manobras praticadas por seus subordinados. Enquanto secretário de Turismo, utilizou-se do assessor Arlindo Kléber Corrêa e também de Leandro Laércio de Souza, que cooptou laranjas para figurar como integrantes de ONGs fantasmas que receberam recursos e depois repassaram dinheiro a Leandro, Kléber e Knaesel.
Crimes: associação criminosa, peculato e corrupção passiva
Arlindo Kléber Corrêa – preso
Braço-direito de Gilmar Knaesel, ex-assessor é amigo de Leandro Láercio de Souza, com quem trabalhou em uma secretaria municipal de Biguaçu. Tinha como função no esquema fazer o elo entre a mais alta figura da organização (Gilmar) e os demais subordinados, em especial Leandro e Lilian Cristina de Oliveira.
Crimes: associação criminosa, peculato e corrupção passiva
Leandro Laércio de Souza – preso
Foi responsável em criar ONGs para receber recursos públicos da Secretaria de Estado do Turismo e Esporte que Gilmar Knaesel comandava. Responsável pela confecção dos documentos. Ou seja, atuava em outra extremidade do esquema, diretamente na comunidade em que o evento esportivo iria se realizar, cooptando nomes e pessoas em troca de dinheiro ou promessas de contratações em cargos públicos
Lilian Cristina de Oliveira – presa
Identificada como presidente em duas associações que receberam recursos da Secretaria de Turismo quando Knaesel foi secretário. Cooptava laranjas para conseguir contas bancárias e se comprometeu em falsear prestação de contas para a realização da 1a Copa de Futebol Suíço Amador em Biguaçu
Crimes: Estelionato, associação criminosa e corrupção ativa
Edício Gambeta – preso
Presidente da Associação Mente Sã Corpo São, participava da organização, juntamente de familiares e vizinhos. Assinou diversos documentos da associação cujo conteúdo seria falso.
Crimes: associação criminosa, falsidade ideológica e corrupção ativa
Silvania Rosa Goulart
Mulher de Edício e identificada como vice-presidente da Associação Mente São Corpo São e teria conhecimento sobre a ilegalidade dos fatos. Relatou em depoimento à polícia que a Copa de Futebol Suíço Amador em Biguaçu não ocorreu.
Crime: associação criminosa
Nair Cristina Abreu
Tesoureira da Associação Mente Sã Corpo São por muitos anos. Teria conhecimento da ilegalidade da constituição da associação e também quem eram os integrantes, assinou documentos em nome da sociedade sabendo que os seus conteúdos eram falsos e confessou que recebeu ilegalmente R$ 7 mil participar da associação.
Crimes: associação criminosa, falsidade ideológica e corrupção ativa
Nair Ferreira Abreu
Avó de Nair Cristina, foi identificada como conselheira fiscal da Associação Mente Sã Corpo São. Participou da associação e teria recebido vantagem pecuniária (R$ 7 mil).
Crimes: associação criminosa e corrupção
José Bernardino Souza dos Santos
Assessor de imprensa do projeto da 1ª Copa de Futebol Suíço Amador de Biguaçu, disse que assinou declaração de prestação de serviço de secretário cujo conteúdo é falso e recebeu determinada quantia para sacar valor de cheque nominal em seu favor, repassando o montante para Leandro.
Crimes: Falsidade ideológica e corrupção ativa
Samanta Fátima da Silva
Irmã de Leandro Laércio e identificada como secretária da Associação Mente São Corpo São. Confessou que reconheceu a assinatura de ata cujo conteúdo era falso. Em duas oportunidades se comprometeu com Leandro a sacar valores de cheques nominais em seu favor, repassando-lhe uma parte e retendo outra como recompensa.
Crimes: associação criminosa, falsidade ideológica e corrupção ativa
Simone Gambeta
Irmã de Edício Gambeta e apontada como prestadora de serviço à Associação Mente Sã Corpo São para realização da Copa de Futebol Suíço Amador de Biguaçu. Seu nome figurava como membro do conselho fiscal da entidade. Confessou que assinou declaração de prestação de serviço de locação de quadra, sabendo que o seu conteúdo era falso. Confessou que assinou declaração pois seu sobrinho Leandro havia lhe prometido emprego de faxineira na prefeitura de Biguaçu.
Crimes: associação criminosa, falsidade ideológica e corrupção ativa
Rafael Faria
Apontado como secretário do projeto da 1a Copa de Futebol Suíço Amador de Biguaçu, disse que assinou declaração de prestação de serviço de secretário cujo conteúdo é falso e que recebeu determinada quantia para sacar valor de cheque nominal em seu favor, repassando o montante para Leandro.
Crimes: falsidade ideológica e corrupção ativa
Marli Denis de Simas
Secretária do projeto da Copa de Futebol Suíço Amador de Biguaçu, confessou que assinou declaração de prestação de serviço de secretária cujo conteúdo é falso.
Crime: falsidade ideológica
Contrapontos
Gilmar Knaesel
Em contato com a reportagem na noite desta quinta-feira, o advogado do ex-deputado Gilmar Knaesel, Marlon Bertol, disse que, até agora, não existe sequer um indício de conduta errada do ex-deputado.
– O que tem nesse inquérito é achismo. Dizem que ele seria o ¿cabeça¿ da organização, mas isso é muito frágil. Eu, realmente, não encontrei no inquérito nem materialidade, nem indício de autoria. Além disso, nenhum dos outros indiciados imputa nada ao meu cliente. O fato de ter deixado de fazer algo como secretário de Estado pode ser reprovável, mas não é crime – afirmou.
Silvania Rosa Goulart, Samanta Fátima da Silva, Rafael Faria e Simone Gambetta foram localizados pela reportagem por telefone e não quiseram comentar o indiciamento.
Leandro Laércio de Souza, Lilian Cristina de Oliveira, Nair Cristina Abreu, Nair Ferreira Abreu, Marli Denis de Simas, Edício Gambeta, Arlindo Kléber Corrêa e José Bernardino Souza dos Santos não foram localizados pela reportagem.
* Os atuais representantes das seis ONGs investigadas na época dos repasses não foram localizadas pela reportagem e, segundo a investigação, estão presos. O DC não conseguiu identificar e localizar os supostos atuais representantes.
** colaborou Felipe Lenhart