O atraso no repasse de recursos do governo de Santa Catarina para o Centro de Pesquisas Oncológicas (Cepon) e o Centro de Hematologia e Hemoterapia de Santa Catarina (Hemosc) provocou a suspensão do atendimento de novos pacientes com câncer e outras doenças graves. Conforme a RBS TV, a dívida em 2016 chega a R$ 50 milhões.
Lentidão
A professora Míriam Marques Pereira fez tratamento contra um câncer de mama em 2016. Ela continua tendo acompanhamento de rotina, para ter certeza de que a doença não voltou, mas está cada vez mais difícil conseguir autorização para os exames.
Segundo Miriam, a opção acaba sendo por medicação, para ganhar tempo enquanto não há outros recursos. “Mas o exame mesmo, para fazer aquela investigação, está bem mais complicado”, lamentou.
Segundo a RBS TV, o Cepon, considerado uma referência no tratamento contra o câncer em Santa Catarina, deveria receber R$ 6 milhões por mês do governo do estado, mas os repasses estão atrasados.
“Estamos a beira de uma catástrofe, porque é um hospital de referência, o maior do estado, e me preocupa que na Grande Florianópolis esses pacientes não possam ser encaminhados a outros hospitais que tenham a capacidade de fazer o tratamento do câncer”, disse a diretora do Cepon Maria Tereza Schoeller.
De acordo com a RBS TV, o Cepon precisou suspender exames como o que rastreia células de câncer no organismo, além da colocação de próteses em mulheres que perderam a mama. Pacientes em tratamento continuarão sendo atendidos, mas quem estiver chegando agora terá que esperar.
Hemosc
O Hemosc enfrenta dificuldades semelhantes. Se a dívida não for paga até agosto, alguns tipos de coleta de sangue e de medula serão cancelados, o que ameaça a vida de milhares de pacientes.
“Qualquer pessoa internada em hospital com qualquer doença ou cirurgia que precisaria de sangue será afetada. Esses serviços vão ter que ser suspensos”, disse a diretora-geral do Hemosc Denise Linhares Gerent.
Dívida milionária
A Fundação de Apoio ao Hemosc e ao Cepon (Fahece), que administra os dois órgãos declarou à RBS TV que a dívida em 2016 chega a R$ 50 milhões. Os pacientes que dependem do tratamento estão preocupados com o futuro.
“Tem muita gente na fila e pra isso precisa de dinheiro. Cadê o nosso dinheiro? Cadê o nosso imposto?”, questiona a paciente Vera Lúcia Rangel.
Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde contestou o valor da dívida e disse que só em 2016 repassou R$ 68 milhões para o Hemosc e o Cepon. Além disso, informou que até agosto pretende regularizar todos os pagamentos.