Diário
Tranquilidade e experiência foram as características que salvaram o veterano navegador argentino Carlos Marcelo Klain. À deriva por nove dias em alto mar entre SC e o RS, Klain sobreviveu a raio, chuva, frio, e o que ele mesmo chamou de uma “terrível tormenta“. Perdido no mar desde o dia 13 e resgatado no dia 22, a cerca de 16 quilômetros de distância de Florianópolis – de onde partiu no dia 9 com destino a Argentina – o argentino contou detalhes sobre os dias de solidão que viveu a bordo do barco Taipan.
— Foi muito complicado. Eu ficava rezando muito e pedia a Deus que me salvasse. Uma pequena chuva no dia 13 fez com que um raio atingisse o mastro do veleiro. Com isso a fiação elétrica do motor e os instrumentos de comunicação queimaram. Até aí tudo bem, pois o vento estava me levando para a costa do RS. Mas no sábado, domingo e segunda [16,17 e 18], uma tormenta terrível me atingiu.
O argentino, que mora desde 2013 em Angra dos Reis (RJ), relembrou também que durante os dias de forte chuva – quando, segundo ele, as ondas passaram de 10 metros de altura – precisou fazer um kit de socorros reunindo em uma sacola roupas secas, comida, água e lanternas.
— Eu dormia do lado dessa bolsa e perto do bote pequeno. Não passei fome pois como a viagem era longa eu tinha comida reserva. Mesmo assim foi muito difícil pois as ondas sacudiam o barco e eu sabia que se não tomasse cuidado poderia me ferir.
Ainda no domingo à noite, com o mar mais calmo o vento sul e depois sudeste levou Carlos novamente para a costa catarinense. Na segunda-feira, ainda pela madrugada, o argentino chegou próximo ao Canal Sul, em Laguna. Perto do litoral, um navio pesqueiro avistou o barco de Carlos e a Força Aérea Brasileira e as marinhas da Argentina, do Uruguai e do Brasil fizeram o resgate.
Mesmo abalado pelos dias que passou em alto mar à deriva e ainda com dificuldades para dormir, Klain afirmou que nos próximo dias viaja para o Rio de Janeiro, mas garantiu que volta a SC para fazer novamente a viagem que não conseguiu terminar.
— Vou voltar para Angra dos Reis e esperar o barco ficar pronto. Mas até outubro venho para Florianópolis fazer novamente a viagem.