“O SC Rural significou tudo para nós”. É assim que o agricultor Vilsom Ferri define o papel do programa do Governo do Estado para o fortalecimento da citricultura no Meio-Oeste. Ferri é um dos 38 associados da Cooperativa de Citricultores de Celso Ramos (Cocicer) beneficiados com recursos do programa para construção de uma casa de embalagens. Com um investimento de aproximadamente R$ 470 mil, a Cocicer aumentou sua produção, a qualidade dos produtos e a renda dos produtores.
O primeiro passo foi dado há cinco anos, quando produtores de laranja de Celso Ramos decidiram buscar recursos do Programa SC Rural para melhorias na infraestrutura da coooperativa. Foram investidos cerca de R$ 470 mil, sendo metade desse valor em contrapartida dos citricultores, na construção de uma casa de embalagens. “Para a cooperativa, essa casa de embalagens trouxe tudo, eu diria. Se não tivéssemos dado o primeiro passo há cinco anos, os pomares teriam se acabado e nós não teríamos essa fonte de renda que veio a agregar valor”, destaca Vilsom Ferri.
Os equipamentos adquiridos, segundo Ferri, valorizaram ainda mais as laranjas produzidas no município e incentivam o aumento da produção. “Agora, a laranja chega ao consumidor com ótima aparência, além da sua alta qualidade. Vendemos muita fruta, vendemos até aquela que antes venderíamos apenas para indústria. Isso aumentou muito a renda das propriedades, tanto que está aumentando a área de pomares. Cada ano, aumenta mais um pouco”, disse.
Lavouras antes destinadas para feijão ou soja já estão sendo plantadas com laranjas, que podem render até quatro vezes mais para os produtores. A casa de embalagens proporciona aos cooperados vender o produto direto ao consumidor e o Programa SC Rural mudou não só a infraestrutura, mas também a gestão da cooperativa. “O SC Rural, como eu falei, significou tudo para nós. Ajudou não só na casa de embalagem, mas em outras questões. A Cocicer vinha com um estatuto fechado, que só permitia associado do município. No ano passado, fizemos uma alteração e, hoje, podemos contar com associados do estado todo. A cooperativa está em fase de crescimento e se consolidando”, ressalta Ferri.
Esta será a segunda safra colhida com o apoio da casa de embalagens, e a cooperativa já busca mercados em outros municípios como Campos Novos e Lages, principalmente para merenda escolar. O produtor Claudiomir Bresolin, de Celso Ramos, também se mostra satisfeito com sua produção e deve colher 80 toneladas na próxima safra, o dobro do ano passado. “Nos próximos anos, a produção vai chegar a 120, 130 toneladas, e vai passar a ser a principal renda da propriedade. Vai chegar a produzir de 80 a 100 quilos por pé. Hoje, produz em média de 25 a 30 quilos. Para isso, seguimos a assistência técnica, visitamos sempre o pomar observando doenças e fazemos análise de solo todo o ano. O trabalho da Epagri é muito importante para nós”, afirma.
Fortalecimento
O responsável técnico pela certificação fitossanitária de citros em Campos Novos e Concórdia, Rubens Cesar Varella, explica que o Programa SC Rural qualificou os produtores e fortaleceu a cooperativa. “Melhorou muito o trabalho da Cocicer a partir do projeto com o SC Rural. Aqui se produz uma laranja de qualidade, o produtor vem buscar informação, segue as orientações e isso é muito positivo. Alguns produtores conseguem até 80% de sua renda com a laranja. Esse trabalho da Cidasc e Epagri com o SC Rural é muito importante”, garantiu.
O técnico agrícola e extensionista rural da Epagri de Celso Ramos, Mauro Ros, acompanha a evolução da citricultura no município. Atualmente, Celso Ramos possui de 50 a 60 hectares destinados aos pomares de citrus. “A citricultura começou a ser adotada na última década e já é vista com bons olhos. A laranja tem ótima qualidade e conquistou o mercado local e regional, valorizando o produto da terra, tanto que hoje produzimos cerca de 600 a 700 toneladas/ano de cítricos”, afirmou.
A produtividade média fica em torno de 20 a 25 toneladas por hectare em pomares a partir do quinto ano. E a renda para o produtor mostra bons resultados. Ros explica que, com 25 toneladas por hectare, os citricultores podem ganhar de R$ 10 mil a R$ 12 mil por hectare. “Com 20 hectares, seriam 500 toneladas e um faturamento em torno de R$ 250 mil reais, o que daria um lucro de R$ 125 mil por safra, uma boa renda”, explica.
A rentabilidade é um dos motivos de os jovens do meio rural se interessarem pela produção de citrus. “Temos três jovens formados no curso Jovem Empreendedor da Epagri que irão investir em citros na suas propriedades, cada um com cerca de dois hectares. Eles já se associaram a Cocicer e isso também ajuda a fortalecer a cooperativa”, conta Ros.
De acordo com Rubens Cesar Varella, no futuro, a Cocicer deve ampliar ainda mais seus pomares, e isso já está acontecendo com novos associados e novos pomares todos os dias. “Com isso, a Cocicer vai ter laranjas para vender o ano todo”, comemora.
Programa SC Rural
O Programa SC Rural nasceu em 2011 e termina em junho de 2017. É executado pelo Governo do Estado em parceria com o Banco Mundial e destina recursos não reembolsáveis a empreendimentos da agricultura familiar, mediante contrapartida dos beneficiários. Os empreendimentos apoiados abrangem atividades agrícolas ou não agrícolas (como o turismo rural) por meio de projetos de caráter estruturante, de melhorias de sistemas produtivos ou planos de negócios, além de outras ações implementadas por cooperativas e associações de agricultores familiares.
O SC Rural é coordenado pela Secretaria da Agricultura e da Pesca e, por envolver atividades multissetoriais, é executado por diversas instituições: Epagri, Cidasc, Fatma, Polícia Militar Ambiental, Secretaria de Turismo, Cultura e Esportes, Secretaria de Desenvolvimento Econômico Sustentável e Secretaria de Infraestrutura.
Assessoria