O PT anunciou que deverá juntar esforços para impedir que o governo federal consiga aprovar na Câmara dos Deputados as reformas da Previdência e trabalhista.
“São propostas que criam muitos problemas e retiram direitos da população”, afirma o novo líder do partido, deputado Carlos Zarattini (SP), que está no terceiro mandato como deputado federal e assume a liderança pela primeira vez.
Segundo Zarattini, o partido propõe a discussão de uma reforma tributária que passe a tributar a renda e o patrimônio, em vez do consumo, e uma reforma política que democratize as eleições.
Economista, Zarattini é especialista em transportes e também um dos autores da proposta que dá exclusividade aos taxistas no transporte de passageiros em todo o País (PL 5587/16).
Leia abaixo entrevista com o deputado Carlos Zarattini:
Quais as prioridades do partido para este ano?
Nós vamos fazer uma obstrução para impedir que os projetos que o governo Temer quer aprovar com maior rapidez, que são os da reforma Previdência e o da reforma trabalhista, sigam adiante.
São propostas que criam muitos problemas para o povo brasileiro e retiram direitos da população. As pessoas praticamente não vão mais conseguir se aposentar. No caso da reforma trabalhista, as pessoas vão ter que trabalhar mais horas por dia. Então vamos discutir projetos alternativos a esses, para dar uma esperança ao povo brasileiro.
Que projetos alternativos seriam esses?
Temos que discutir a reforma tributária, porque aqui o povo mais pobre paga muito imposto e os mais ricos, a minoria, pagam menos. É preciso fazer uma reforma tributária para garantir que os que ganham mais paguem mais e os que ganham menos paguem menos ou não paguem.
Hoje uma pessoa pobre não paga Imposto de Renda, mas paga ICMS, paga PIS e Cofins indiretamente nos produtos que compra. Queremos retirar os impostos sobre o consumo e tributar a renda e o patrimônio dos mais ricos.
Que outras propostas serão prioridade?
Nós vamos ter que fazer uma discussão forte sobre a questão penal no Brasil. Tivemos essas revoltas nas penitenciarias, essas matanças. Temos uma legislação penal que coloca cada vez mais gente na cadeia e já estamos chegando a 700 mil presos. Precisamos de uma legislação que reduza o contato de presos comuns com criminosos perigosos. Só assim será possível resolver a questão da reincidência.
O senhor acha que a reforma política pode avançar este ano?
O relator da reforma política é do nosso partido, deputado Vicente Candido (PT-SP), e a gente precisa aprovar uma nova reforma que democratize as eleições, que reduza a influência das empresas e que permita ao povo escolher seus representantes da melhor forma possível. Vamos trabalhar para que ela seja aprovada ainda no primeiro semestre.