Os dois policiais civis que agrediram e fizeram ameaças a uma família de Biguaçu, em novembro de 2016, foram condenados a quatro anos e 10 meses de prisão em regime semiaberto, além da perda da função pública. Na decisão tomada nesta segunda-feira (12) pelo juiz Yannick Caubet, titular da Vara Criminal da Comarca de Biguaçu, os agentes Isaías Oliveira da Silva e Fábio Carminatti da Silva responderam pelos crimes de lesões corporais graves, abuso de autoridade e disparo de arma de fogo.
O crime aconteceu quando alguns parentes fechavam o estabelecimento comercial da família, um serviço de guincho. Por volta das 22h, um dos policiais urinava na frente da empresa, o que foi registrado por uma câmera de segurança. De acordo com a família, houve uma discussão no local e os dois policiais, que tinham voltado para um carro, saíram do veículo e atiraram contra o portão e a fachada do estabelecimento. A família contou que correu para dentro da casa, que fica nos fundos do guincho. Em seguida, os dois policiais teriam invadido a residência.
As vítimas chegaram a pensar que se tratava de um assalto e ofereceram dinheiro e um carro para os dois irem embora. Entretanto, eles se identificaram como policiais – Fábio Carminatti estava lotado na 1ª Delegacia de São José e Isaías Oliveira na DIC (Divisão de Investigação Criminal) de São José.
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A família afirma ter sido vítima de tortura por parte dos policiais, que chegaram a disparar um tiro. Um dos funcionários da empresa diz que teve uma pistola apontada para a cabeça e sofreu ameaça de morte. As câmeras de segurança também registraram o momento em que o filho de uma das vítimas tenta impedir que seu pai apanhe de um policial, mas acaba baleado no pé.
Promotor denuncia policiais ao juiz criminal de Biguaçu
O juiz concedeu aos policiais o direito de apelar em liberdade. Eles, porém, estão proibidos de se aproximar e entrar em contato com as vítimas. Além disso, não podem portar armas e exercer atividades externas, no desempenho do cargo, até que não haja mais a possibilidade de recorrer.
Outro lado
De acordo com os depoimentos, os policiais estavam na casa de Fábio com um primo dele e resolveram levar Isaías para casa. Ao passar pelo guincho, Fábio resolveu urinar. “Estava urinando de frente para o carro, e não para a casa. Eles dispararam para nos amedrontar e pulamos o portão. Neste momento fiz disparos para o chão para que se entregassem, mas eles correram em direção da casa. No receio de uma injusta agressão, me senti na obrigação de desferir alguns tapas nas vítimas para me defender”, justificou Fábio.
O primo de Fábio ficou dentro do veículo, um Renault Duster, durante quase toda a ação. “Em legítima defesa, empurrei e desferi alguns tapas, inclusive uma cotovelada em um senhor que segurava o meu braço. Quando um homem de compleição física gorda tentou me derrubar foi necessário efetuar um disparo no chão e, infelizmente, atingiu o pé dele”, disse Isaias.
Após o crime, Fábio foi considerado incapaz de assinar o mandado de prisão, tentou cometer suicídio e foi internado no Instituto São José Centro de Psiquiatria e Dependência Química. Isaias se apresentou na Divisão de Investigação Criminal de São José, de onde foi encaminhado para o complexo penitenciário da Capital.
As informações são do Notícias do Dia