O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, afirmou, nesta quinta-feira, que, ao analisar o novo pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff entregue ontem pela oposição, contendo a comprovação das chamadas “pedaladas fiscais” (uso dos bancos públicos para pagar despesas do governo federal) neste ano, vai verificar se houve ato da presidente da República para descumprimento da lei.
“O fato por si só de existir a pedalada não significa que isso seja a razão do pedido de impeachment. Tem de se configurar que há atuação da presidente num processo que descumpriu a lei. Pode existir a pedalada e não existir a motivação do impeachment”, explicou. “Não dá para tirar conclusão precipitada; é preciso muita cautela”, completou. Ele ressaltou que não há prazo para responder ao pedido.
CPI da Petrobras
Questionado por repórteres a respeito do relatório aprovado nesta madrugada pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, o presidente afirmou que ainda não tem conhecimento do texto, mas que a CPI serviu para “muitas coisas serem debatidas”.
“É uma CPI diferente, porque não é protagonista do processo; secunda o processo e deve ter tido suas dificuldades, porque todo avanço depende do que acontece no âmbito da investigação institucional propriamente dita, seja do Ministério Público, seja da Polícia Federal”, disse.
Cunha disse não ter se surpreendido com o voto em separado do PSDB pedindo a instauração de inquérito contra ele e ressaltou que já existe esse inquérito: “Politicamente, não significa nada. Para mim, não tem o menor efeito. Poderia ter sido aprovado com tranquilidade. Se eu estivesse lá, eu teria votado favoravelmente.”
Protestos
Eduardo Cunha atribuiu os protestos ontem, no Salão Verde, pedindo a sua saída da Presidência da Câmara a adversários políticos do Rio de Janeiro. “É uma disputa local que querem extrapolar para cá, por isso não dou importância. É a tentativa de criar um constrangimento”, afirmou. Na quarta-feira (22), entrevista do presidente à imprensa, no Salão Verde, foi interrompida quando deputados do Psol, além das deputadas Luiza Erundina (PSB-SP) e Clarissa Garotinho (PR-RJ), e manifestantes gritaram palavras de ordem pedindo a saída de Cunha.
Denúncias
Questionado sobre a decisão do relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Teori Zavascki, que negou pedido do advogado de Cunha para que o inquérito contra ele tramitasse na Corte em segredo de justiça, o presidente afirmou que cabe a seu advogado comentar. Ele reiterou o conteúdo da nota divulgada pela sua assessoria negando as denúncias.