Uma das principais barreiras para a expansão das Micro e Pequenas Empresas (MPE) no Brasil é a dificuldade na obtenção de crédito, segundo a Associação Comercial de São Paulo. Em pesquisa realizada este ano pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), 53% do setor aponta os juros altos como entraves mais importantes. Já 24% reclamam da burocracia.
Segundo Guilherme Afif Domingos, presidente do Sebrae, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) é o maior ofertante de empréstimos às MPE, respondendo por um quinto do total. No entanto, quase 80% dos empreendedores nunca usaram recursos do BNDES. “A principal barreira é a política de crédito dos bancos repassadores. Então, têm os recursos, mas eles não chegam na ponta.”
A pesquisa do Sebrae mostra que 84% dos micro e pequenos empresários não tomaram empréstimo nos últimos 6 meses. Além disso, 49% nunca pegaram empréstimo pela sua empresa, como pessoa jurídica. Aqueles que fazem empréstimos utilizam seis bancos, que repassam recursos do BNDES quando o empréstimo é inferior a R$ 20 milhões, e são responsáveis por 81% do crédito concedidos às MPE.
Recessão
Para Afif, o crescimento das Micro e Pequenas Empresas seria importante no momento de recessão. “Na crise de desemprego estrutural, quem segura as pontas do emprego é a pequena e microempresa, porque são mais intensivas em mão de obra do que em capital. Quem gera emprego e renda é o universo da pequena empresa, temos que ter um foco nisso.”
A geração de empregos, levando em conta as empresas de micro até grande porte, é significativa nas MPE. Os microempreendedores, cujo faturamento anual é até R$ 60 mil, representam 92,7% das empresas brasileiras e respondem por 23,6% dos postos de trabalho. As pequenas empresas têm faturamento de 360 mil a 3,6 milhões, sendo 6,2% do total de empresas no país e respondendo por 28,6% das vagas de trabalho.
Milton Luiz de Melo Santos, presidente da Agência de Desenvolvimento Paulista (DesenvolveSP), disse que foca no fomento às empresas de inovação e tecnologia, que não têm garantia e histórico de faturamento para obter crédito em bancos tradicionais. “Trabalhamos fortemente com conhecimento científico e agregamos valor. Foram R$ 100 milhões de financiamento para inovação, com 81 empresas atendidas.”