A cebola foi a cultura mais prejudicada pelas chuvas das últimas semanas em Santa Catarina. Levantamento preliminar do Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola da Epagri (Cepa) indica que 26 municípios do Alto Vale do Itajaí (incluindo Alfredo Wagner e Leoberto Leal) vão enfrentar de 50% a 60% de perda na produção, com 72% da área atingida por algum tipo de dano causado pela chuva. A região também terá prejuízos com as culturas de fumo, arroz e milho, porém em menor escala.
Segundo João Rogério Alves, analista de pesquisa e extensão rural da Epagri/Cepa, a cebola está em época de colheita e o excesso de chuva e a pouca luminosidade causam doenças e retardo no desenvolvimento da planta. “O que foi colhido se salvou, o que não foi perdido e ainda será colhido terá a qualidade afetada”, explica o engenheiro-agrônomo.
A cebola catarinense abastece o mercado nacional entre novembro e fevereiro. Com quebra de safra, o produto passa a ser importado, sobretudo da Argentina. E com a desvalorização do real frente ao dólar, é de se esperar aumento nos preços pagos pelo consumidor final.
Na cultura do fumo, a perda de produção na região chega a 30%, com 43% da área plantada afetada por algum tipo de dano. No arroz, as perdas de produção devem chegar a 16%, já que pelo menos 32% da área cultivada sofreu impactos do mau tempo. O milho teve 26% da área plantada no Alto Vale do Itajaí atingida, com perda de produção estimada em 13%. Apesar das perdas, ainda não há expectativa de elevação de preços desses produtos, tendo em vista que, se o tempo colaborar, os plantios ainda podem se recuperar.
No contexto estadual, a cultura do trigo sofreu perda de 40% a 50%, que vem se acumulando desde setembro, quando Santa Catarina foi atingida por uma ampla geada. Outras culturas de verão foram atingidas pelo mau tempo no Estado, como feijão e soja, mas devem se recuperar a tempo de não impactar os preços ao consumidor. A produção de leite também vai sofrer um pequeno baque, devido ao impacto sentido pelo milho em todo o Estado.
Além de levantar as perdas causadas pela chuva, Epagri/Cepa também acompanha a evolução do plantio da atual safra de verão das principais culturas de Santa Catarina, que pode ser influenciado pelas condições de tempo. Segundo a economista da Epagri/Cepa, Glaucia de Almeida Padrão, o milho está na reta final de cultivo, com 86% da área já plantada em todo o Estado, por isso não deve ter sua safra fortemente impactada.
O Oeste e o Extremo-Oeste, por exemplo, conseguiram finalizar o plantio, e no Alto Vale 65% da área foi plantada, sendo que por enquanto o trabalho está paralisado. Nessa região, será preciso esperar o solo secar um pouco para reiniciar o plantio, mas isso não significa necessariamente quebra na safra, pois a janela de cultivo segue até o mês de dezembro.
A soja também teve atraso no plantio. Nesse momento, os agricultores catarinenses cultivaram apenas 42% da área planejada com essa cultura. A região Oeste, por exemplo, deveria estar com pelo menos 60% da área plantada nessa época do ano. Contudo, assim como no caso do milho, ainda há tempo para recuperação. A soja produzida em Santa Catarina é usada, principalmente, na alimentação animal. Menores quantidades são usadas para produzir óleo vegetal ou seguem para fora do Estado.
O arroz está com 81% de área cultiva em Santa Catarina. Algumas áreas no Sul do Estado já fizeram o replantio, o que deve acontecer também no Alto Vale do Itajaí. “Ainda é cedo para se falar em quebra da safra do arroz, pois ainda há tempo para a cultura se recuperar”, analisa a economista da Epagri/Cepa.
Da Epagri