G1 – O principal indicador da bolsa brasileira, a B3, fechou em queda nesta segunda-feira (28), puxado pelo recuo de 24% das ações da Vale. O mercado reagiu na primeira sessão após o rompimento da barragem da mineradora Vale em Brumadinho(MG) na sexta-feira (25), quando a bolsa não operou em razão do feriado de São Paulo. O Ibovespa caiu 2,29%, aos 95.443 pontos.
No entanto, apesar da queda, analistas apontam que a tendência para o Ibovespa em um prazo mais longo ainda é positiva. “A visão para o Ibovespa segue positiva”, disse ao Valor Online Victor Candido, economista-chefe da Guide Investimentos. “Mexe um pouco com as projeções no curto prazo, mas nada que provoque revisões nas projeções para o Ibovespa no fim do ano”.
Além da reação do mercado ao incidente com a barragem, o cenário externo desfavorável também pesava sobre o desempenho da bolsa brasileira, com temores a respeito do ritmo da economia global e quedas no setor de commodities, como o petróleo.
As ações da Vale (VALE3) chegaram a entrar em leilão no início da sessão. Com o forte recuo desta segunda, a empresa perdeu R$ 69,4 bilhões em valor de mercado.
A mineradora tem peso de 11,39% na composição do Ibovespa. As ações do Bradespar, acionista da Vale, caíram 24%.
As preocupações sobre a Vale também afetam os papéis da empresa no exterior. Pela manhã, chegaram a recuar 16% no pré-mercado(negociações antes da abertura do pregão) da bolsa de Nova York (ADRs). Na sexta-feira, caíram 8%.
A empresa anunciou nesta segunda que seu conselho de administração decidiu suspender o pagamento de dividendos e juros sobre o capital próprio (remuneração aos acionistas) e de remuneração variável (bônus).
Desde o incidente, 4 decisões judiciais já bloquearam R$ 11,8 bilhões em recursos da Vale, além de multas no total de R$ 350 milhões.
Diversos bancos e instituições financeiras estrangeiras já cortaram suas recomendações para os ativos da empresa, incluindo Jefferies, HSBC, BMO e Macquarie, entre outros, destaca o Valor Online.
Para o economista-Chefe da Nova Futura Investimentos, Pedro Paulo Silveira, o incidente gera duas dúvidas principais entre os investidores. “Uma, de curto prazo, que diz respeito a quanto vai custar para os acionistas essa nova tragédia. Outra, de longo prazo, que nos remete ao potencial de novos colapsos nas outras barragens”, disse em nota. “Ainda que os problemas de curto prazo sejam resolvidos com um soluço de 5% a 10% nos preços das ações, os de longo prazo não são facilmente precificáveis.”
A agência de risco S&P colocou a nota de crédito da empresa e de suas subsidiárias em observação para rebaixamento na noite de sexta-feira (25), citando as implicações negativas do desastre. A agência declarou que pode cortar a nota em vários níveis, a depender de multas e da possível perda da licença de operação na área afetada.