Exame – O trabalhador da iniciativa privada é quem vai pagar o rombo das aposentadorias, segundo o especialista Renato Follador, ex-secretário da Previdência do Paraná. Para ele, o limite de tempo de contribuição deveria ser de 35 e não de 40 anos, como está na proposta do governo.
“É uma proposta baseada no achismo, sem base técnica, em uma conta aleatória do governo. O fator previdenciário já diz que um trabalhador com 65 anos, sendo 35 de contribuição, tem direito à integralidade do benefício”, diz Follador.
Os funcionários da iniciativa privada, apesar de representarem a maior parte do déficit total (240 bilhões de reais), são os que menos contribuem para o rombo nas contas públicas. Isso porque o déficit per capita dos militares (129.000 reais por ano) e o dos servidores públicos (61.000) é muito superior ao trabalhador do setor privado (8.000 reais por ano).
A regra de transição também é alvo de críticas do especialista. Para ele, trazer três opções de transição só torna a proposta mais complexa para a população. “A proposta precisa ter um entendimento simples para ter o apoio da população”, diz ele.
A falta de detalhamento sobre o regime de capitalização preocupa. Segundo Follador, a adesão para o sistema deve ser obrigatória, mas sem acabar com o regime de repartição. Deve existir um sistema híbrido. “Se sabemos que esse sistema vai falir, por que não fazer de maneira rápida?”, diz o especialista.
Como pontos positivos, Follador aponta a pensão de acordo com a composição familiar e o aumento gradativo de contribuições de acordo com o salário do cidadão.
“Mesmo assim, foi uma reforma olhando apenas para as contas do governo”, afirma ele, que chegou a apresentar sua proposta para o secretário especial de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho.
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