DW Brasil – A Índia executou ataques aéreos em território do Paquistão nesta terça-feira (26), elevando ainda mais a tensão entre os dois países vizinhos, que são duas potências nucleares. O Paquistão confirmou o ataque, mas afirmou que ele atingiu uma área vazia.
De acordo com o Secretário do Exterior da Índia, Vijay Gokhale, o ataque tinha como alvo um campo de treinamento do grupo Jaish-e-Mohammad (JeM) em Balakot, na região da Caxemira, e foi movido por suspeitas de que a organização planejava ataques suicidas iminentes na Índia.
Trata-se do mesmo grupo que assumiu a autoria de um ataque suicida com um carro-bomba que matou ao menos 40 membros da polícia paramilitar indiana na Caxemira em 14 de fevereiro, elevando a tensão entre os países. Foi o ataque mais mortal do tipo desde o início da insurgência na Caxemira, em 1989.
“Um grande número de terroristas do Jaish-e-Mohammad, treinadores, comandantes sêniores e grupos de jihadistas que haviam sido treinados para ações suicidas foram eliminados”, afirmou Gokhale. Segundo ele, trata-se de uma ação “preventiva e não militar”.
“Diante do perigo iminente, um ataque se tornou absolutamente necessário”, afirmou, acrescentando que o campo de treinamento, com capacidade de abrigar centenas de jihadistas, “não poderia ter funcionado sem o conhecimento das autoridades paquistanesas”.
Uma fonte sênior do governo da Índia disse à agência Reuters que 300 militantes foram mortos pelos ataques. Já a emissora indiana CNN News 18 falou em 200 mortes, também citando fontes do governo indiano.
O exército do Paquistão confirmou o ataque aéreo, mas afirmou que não houve danos. “Diante de uma resposta ágil e efetiva da Força Aérea do Paquistão, [as aeronaves indianas] liberaram sua carga às pressas ao escaparem perto de Balakot. Não houve vítimas ou danos”, disse o porta-voz do exército do Paquistão, Major General Asif Ghafoor.
Sem referir-se especificamente ao ataque, o presidente do Paquistão, Arif Alvi, disse nesta terça-feira que a Índia havia criado “histeria” diante do ataque com carro-bomba ocorrido na Caxemira, acrescentando que a retórica do rival pode levar à guerra.
Contrariando acusações da Índia, o Paquistão afirma não abrigar o JeM, que possui conexões com a Al Qaeda e está em uma lista de organizações terroristas da ONU desde 2001, quando lançou um ataque contra o Parlamento indiano em conjunto com o grupo Lashkar-e-Taiba. O grupo luta para unir toda a Caxemira ao Paquistão.
A Índia acusa o Paquistão de apoiar de forma dissimulada as infiltrações na sua parte do território e a própria revolta armada, o que Islamabad sempre negou.
A Índia e o Paquistão já se envolveram em duas guerras e diversas disputas sobre o controle da Caxemira. Contudo, tropas e forças aéreas raramente cruzaram a fronteira altamente guardada entre os países na Caxemira, conhecida como Linha de Controle, e atravessada pela Força Aérea da Índia nesta terça-feira.