O governo Bolsonaro efetuou, por meio de decreto do presidente, bloqueio de R$ 46 milhões da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). O orçamento da UFSC é de R$ 1,5 bilhão, mas, desse total, R$ 1,3 bilhão é gasto com salários e aposentadoria. O restante – cerca de R$ 200 milhões – é usado para investimentos e custeio, o que inclui gastos com energia elétrica, limpeza, vigilância, e também ações de permanência estudantil voltadas para alunos de baixa renda. Dessa forma, o corte de Bolsonaro representa quase 25% do valor previsto para esses gastos.
Segundo o secretário de Planejamento da UFSC, Vladimir Arthur Fey, a universidade deixará de receber R$ 46 milhões. O secretário diz que “a Administração Central já estuda formas de reduzir os gastos para se adequar ao orçamento mais enxuto”.
A expectativa de Fey é que o bloqueio seja revertido ao longo do ano. “Hoje, se falarmos em 25%, são R$ 46 milhões. Eu não consigo imaginar como vamos adequar o orçamento da universidade a isso. Quero crer que o governo começou com 25% e ao longo do ano vai fazer revisão desse percentual. A Universidade tem que trabalhar com essa possibilidade. Eu imagino que com 25% o cenário é de corte linear em todos os gastos da universidade.”
“Vamos criar uma comissão para revisar gastos. Queremos sentar com esses fornecedores [empresas terceirizadas] de limpeza e vigilância e rever esses contratos. Estamos pensando em uma campanha de conscientização que envolva também uso de energia elétrica, água, papel, enfim. Em tempos difíceis, todo mundo precisa estar comprometido com um uso racional de recursos”, comenta o secretário.
Embora o orçamento da UFSC não seja atualizado desde 2016, não houve bloqueio nos repasses do MEC nos últimos anos. “O contingenciamento é uma medida comum em início de governo. Aconteceu na Dilma e no Temer. A diferença com esse governo é a incerteza”, diz o secretário. “Eles têm dito que as metas fiscais não foram atingidas, e que para resolver essa situação precisamos da reforma da previdência. Bota no bolo essa discussão, o que gera uma grande incerteza.”
*Com informações do Sindicato das Universidades Federais de Santa Catarina.