Poder 360 – Novas conversas publicadas pelo blog do jornalista Reinaldo Azevedo em parceria com o The Intercept mostram o procurador Deltan Dallagnol seguindo orientações do ex-juiz e atual ministro Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública).
Na quarta-feira (19), Moro negou“conluio” e afirmou haver “inclusive divergência” com o procurador durante audiência no Senado. A presença do ministro na Casa Legislativa foi motivada por reportagem que mostra Moro, ainda como juiz da Lava Jato em Curitiba, direcionando o coordenador da Lava Jato.
Em um dos diálogos o então juiz criticou a procuradora da República Laura Tessler, em 2017. Disse que ela “para inquirição em audiência (…) não vai muito bem”. O atual ministro recomendou: “Tente dar uns conselhos a ela, para o próprio bem dela. Um treinamento faria bem. Favor manter reservada essa mensagem”.
Procurador da Lava Jato, Dallagnol respondeu: “Ok, manterei sim, obrigado!”.
Uma nova troca de mensagens que veio a público nesta 5ª feira (20), porém, mostra o procurador repassando as observações de Moro ao colega Carlos Fernando. Dezesseis minutos depois de receber a mensagem do então juiz, Dallagnol pergunta se o colega também recebeu mensagem de então juiz sobre a audiência.
Com a negativa do colega, responde: “Não comenta com ninguém e me assegura que teu telegram não tá aberto aí no computador e que outras pessoas não estão vendo por aí, que falo”. Ao receber a confirmação de que o colega estava sozinho, encaminha a mensagem de Moro sobre o desempenho de Laura Tessler.
Depois de confirmar se Carlos Fernando apagou a mensagem, Dallagnol diz: “Vamos ver como está a escala e talvez sugerir que vão 2, e fazer uma reunião sobre estratégia de inquirição, sem mencionar ela”. O colega responde: “Por isso tinha sugerido que Júlio ou Robinho fossem também. No do Lula não podemos deixar acontecer”.
A procuradora então seguiu na operação, mas não participou de audiência com o ex-presidente Lula.
MINISTRO RESPONDE
Eis a nota emitida pelo ministério de Justiça e Segurança Pública sobre a reportagem:
“Sobre suposta mensagem atribuída ao Ministro da Justiça e Segurança Pública esclarece-se que não se reconhece a autenticidade, pois pode ter sido editada ou adulterada pelo grupo criminoso, que mesmo se autêntica nada tem de ilícita ou antiética. A suposta mensagem já havia sido divulgada semana passada, nada havendo de novo.”