A entrevista da ex-superintendente de Gestão Administrativa da Secretaria de Saúde Márcia Regina Geremias Pauli à NDTV, nesta terça-feira (5), é bombástica contra o chefe da Casa Civil, Douglas Borba (PSL). Ela afirmou que foi a pasta comandada por ele que definiu a Veigamed como fornecedora de 200 aparelhos respiratórios a custo de R$ 33 milhões. O pagamento foi feito de forma adiantada, no dia 2 de abril, e os equipamentos ainda não foram entregues. Além disso, Márcia também afirmou com todas as letras que a Casa Civil indicava fornecedores suspeitos e fazia pressão para que essas compras fossem realizadas com celeridade. Elas garante que um processo de R$ 70 milhões para comprar EPI’s foi arquivado, devido à irregularidades na origem da proposta. Márcia também desconfiou da insistência da pasta de Douglas para que o negócio fosse fechado rapidinho.
Perguntada pelos jornalistas da NDTV, a ex-superintendente não soube informar se o governador Carlos Moisés (PSL) sabia que a Casa Civil estava pressionando o setor de compras da Secretaria de Saúde para fechar contratos no modelo “vapt-vupt”. “Entendendo a forma de condução, acho pouco provável que essas informações não chegassem para o governador“, comentou, e relatou ainda que a Casa Civil usava o nome de Moisés para fazer a pressão nos servidores do setor de compras nesses processos. “Era falado sim em nome do governador. Eu escutei frases do tipo: ‘Eu acabei de falar com o governador’, e ‘Isso é uma decisão de governo e vocês têm até o meio-dia para concluir‘. Essas coisas foram ditas”, revela, no vídeo.
Leia também:
Secretário de Saúde de Santa Catarina pede exoneração do cargo
Deputados abrem CPI para analisar fraude na compra de respiradores
Vídeo: Casa Civil definiu fornecedor dos respiradores, diz ex-superintendente
Em entrevista coletiva na sede do Governo do Estado na tarde de hoje, o secretário Douglas Borba negou irregularidades. “Em relação à compra dos respiradores não houve qualquer participação da Casa Civil, tão pouco do secretário Douglas. Já no processo dos EPI’s mencionado, houve a sinalização de uma empresa importadora que poderia trazer equipamentos de EPI que estavam retidos na China. Foram repassados alguns contatos de empresas importadoras para que fizessem cotação de mercado para essa possível importação. Nesse mesmo momento trouxe a CGE para participar desse processo, para que tivéssemos toda a segurança; Ao fim desse episódio, constatamos que havia fragilidade no processo de importação e o governo optou por arquivar”, comentou Borba.
Acesse o link para receber notícias no WhatsApp: https://chat.whatsapp.com/Lr2r6kNj9aTBoQTmzAj14I
A mal explicada compra de 200 respiradores mecânicos com pagamento adiantado de R$ 33 milhões está causando muita turbulência ao governo. A empresa que foi contratada ainda não entregou os aparelhos. Disse que entregará outros mais baratos, com “aceite” da Secretaria de Saúde – mas sem mencionar devolução da diferença. A Justiça determinou o bloqueio do dinheiro nas contas dessa Veigamed. Foram encontrados menos de R$ 500 mil nas contas da fornecedora. A Assembleia Legislativa de Santa Catarina abriu uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as irregularidades no processo.
Há 20 dias, a pasta da Saúde também se viu em outra confusão, ao contratar – dispensado de licitação – uma associação do interior de São Paulo para montar um hospital de campanha em Itajaí, a custo de R$ 77 milhões. Após notícias aventarem supostas irregularidades no certame, a Justiça suspendeu a contratação e o governador cancelou o contrato.