A proposta de Veigamed para fornecer 200 respiradores a custo de R$ 33 milhões chegou à Secretaria de Estado de Saúde através do ex-chefe da Casa Civil Douglas Borba (PSL), que apresentou inicialmente Fábio Guasti como representante da empresa e depois o advogado Leandro Adriano de Barros, cujo escritório de advocacia tem sócios com estreita ligação com Douglas. A ex-superintendente de Gestão Administrativa Márcia Pauli desconfiou de Leandro e solicitou informações à Douglas: “O senhor confirma ter pedido a ele que fizesse contato comigo?“, indagou Márcia a Douglas, que respondeu: “Sim, ele disse ter possibilidade de nos ajudar“.
A troca de mensagens consta do processo de 880 páginas que Biguá News teve acesso nesta segunda-feira (11). O inquérito corria em segredo, mas hoje o Ministério Público pediu e a desembargadora do Tribunal de Justiça Vera Lúcia Ferreira Copetti levantou o sigilo.
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Após confirmar com Douglas Borba de que ele indicara Leandro Barros, Márcia recebe contato de Leandro, que envia a proposta da Veigamed, conforme a troca de mensagens abaixo. “Oi, essa empresa recebeu um crédito para a venda de respiradores, parece que foram 200“, comentou Leandro, na mensagem. Ele ainda confirma que conhece a empresa e que a servidora poderia ficar “tranquila”.
A ex-superintendente Márcia Pauli ainda envia mensagem a Leandro dizendo que “se esses ventiladores não chegarem, vai morrer gente“, fazendo alusão a eventual falta de UTI’s caso a pandemia do novo coronavírus se alastrasse rapidamente em Santa Catarina. “Vai chegar, fiquem tranquilos quanto a isso“, responde Leandro.
No fim dessa troca de mensagens, a ex-superintendente pergunta se dá para trazer junto nessa compra os equipamentos de proteção individual (EPI) que a Secretaria buscava comprar (num processo de R$ 70 milhões que foi arquivado por fragilidade nos fornecedores). Leandro Barros responde: “Bom que agora vou ficar em cima desse tbm p agilizar, assim que já estou fazendo com o outro“.
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Douglas tenta esconder
O Ministério Público sustenta no processo que, após o caso ganhar repercussão em mídia nacional e na imprensa catarinense, Douglas Borba teria tentado esconder de seu celular uma troca de mensagem com Márcia, dizendo que “Leandro fará contato com você“. Essa mensagem consta do celular de Márcia, mas fora apagada do celular de Douglas. Ambos tiveram os aparelhos periciados pela Polícia Civil, que identificou a manobra. Isso poderá ser caracterizado como “crime de obstrução de Justiça”.
O MPSC chegou a pedir na quinta-feira (7) a prisão preventiva de Douglas, Leandro e mais 8 suspeitos, mas a desembargadora negou a solicitação. No dia seguinte, ela autorizou 35 mandados de busca e apreensão, cumpridos na Casa Civil e em endereços de Douglas Borba, Leandro, da empresa Veigamed e outras empresas do mesmo proprietário da Veigamed.
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