Circula nas redes sociais um áudio do técnico em radiologia Thiago Ferreira cujo teor aparenta ser uma tentativa de “negociar” o apoio de uma terceira pessoa para a candidatura a prefeito do ex-secretário de Saúde Daniel César da Luz (PSD), nas eleições deste ano. Thiago trabalha na saúde de Biguaçu há quatro anos e no áudio disse que seria um dos coordenadores de campanha. Hoje, ele publicou em seu perfil do Facebook que é um apoiador do projeto de Daniel rumo à prefeitura.
No áudio – que pode ser ouvido na íntegra mais abaixo – Ferreira conversa com uma pessoa que presta serviços na área de segurança na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Biguaçu. A data da gravação (que aparenta ter sido enviada via WhatsApp) é do começo do mês de abril, um dia antes de Daniel deixar a Secretaria de Saúde para dedicar-se à pré-candidatura.
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“Negão, o Daniel está de secretário só até amanhã. Segunda-feira ele vai descansar e a partir da próxima semana ele vai começar a fazer o trabalho da campanha, definir os coordenadores de cada região, os candidatos a vereador, começar a buscar alianças. Por isso eu te falo, não fecha nada cara, espera chegar mais perto. Agora tu ganha dois, mais perto tu pode ganhar quatro, relaxa. Tu é um cara que puxa voto (…), e não precisa trabalhar na prefeitura, mas ter ajuda lá dentro é outro nível. Relaxa, espera aí um pouco, e espera o Daniel me chamar, que eu vou coordenar a campanha dele ali no Prado e no Fundos“, afirma Ferreira.
A pessoa responde a Thiago e diz que não tinha interesse em trabalhar em prefeitura, mas que estava de acordo com uma negociação em dinheiro. “Eu, trampo em prefeitura não me cai não, sempre trabalhei para todo mundo, mas sempre trabalhei fora. O negócio é a grana e bola pra frente, tocar pra frente e fazer o negócio acontecer. Se eles pagassem eu iria fechar, pagou eu fecho“, falou o interlocutor, que também é conhecido como “Zé”.
Thiago Ferreira continuou a conversa e falou ainda de eventuais futuras “facilidades” na prefeitura caso Daniel fosse eleito prefeito.
“Eu não quis te falar nada né Zé, mas o Daniel é nosso cara, e o Daniel já te conhece e tu tem um ponto positivo com isso. Ele disse para mim uma vez e o Júlio estava junto: ‘Eu só não tiro hoje a empresa de lá, pois eu gosto do Negão lá, ele é f., ele que manda lá dentro da UPA’. Aí o Daniel ganha a prefeito, ano que vem tu perde o privilégio, pois tu apoiasse o oponente, né cara. O Daniel ganha a eleição, nós estamos no paraíso cara. Aí nós vamos ter nossa secretaria, nossos cargos. Nós vamos ter o poder da caneta, não do lápis“, argumentou Thiago Ferreira.
OUTRO LADO
Biguá News ouviu o pré-candidato a prefeito Daniel César da Luz e o técnico em radiologia Thiago Ferreira. O ex-secretário negou que tenha autorizado seu apoiador a negociar qualquer coisa em seu nome. Já Thiago não negou o teor da conversa, mas argumentou que ela ocorreu há três meses e afirmou ainda que não será coordenador de Daniel e que não trabalhará em nenhuma campanha política.
O que Daniel disse:
“[Thiago] Não tem aval nenhum para isso. Ele é um cara que me apoia. Não tem aval nenhum”
O que Thiago disse:
“Eu usei o nome do Daniel e só me prejudiquei com isso. Daniel, inclusive, na época que vazou isso aí, me deu uma baita de uma mijada, me ameaçou de processar e tudo, porque eu não tenho nenhuma proximidade com o Daniel de amizade, sou um apoiador. Eu trabalho na saúde de Biguaçu há quatro anos e eu não vi nenhum secretário fazer o que Daniel fez. Ele fez a diferença, reformou as UBS, reformou a secretaria”.
“Quando ele foi para a Saúde e colocou o nome [como pré-candidato], eu falei, vou apoiar esse cara, pois ele fez realmente a diferença. Mas momento algum eu tentei fazer algo para negociar, até porque eu não tenho poder nenhum sobre isso. Acho que negociar é quando você é um coordenador de campanha, um presidente de partido, e eu não sou p. nenhuma, sou um zero à esquerda”.
“E com o Zé, é um cara que eu admiro bastante, é um cara que trabalha muito e tem o voto da população. Outros candidatos ofereceram dinheiro para ele. Aí eu falei, cara, tu vai trabalhar para outros candidatos por dinheiro? Dinheiro acaba. Se o Daniel for prefeito nós vamos ter as portas abertas, pois essa é a política dele, uma prefeitura mais próxima das pessoas”.
“Na época do áudio ele me falou: ‘como assim, tu vai ser coordenador de campanha, se não temos vínculo nenhum?’ Na verdade eu usei isso para tentar trazer o Zé de uma forma para quando nós fossemos conversar, dizer, olha, tem esse aqui para apoiar, tem aquele ali e esse. E daí eu usei, falei [para o Zé] que eu era coordenador de campanha no Prado, mas nada, não sou e nem quero ser. Esse ano quero ficar isento”.