O prato de arroz e feijão, base alimentar do brasileiro, registrou até agosto o período mais prolongado de alta acumulada acima de 10% em 12 meses, na mesa do consumidor, dos últimos oito anos. É o que mostra levantamento exclusivo da Fundação Getulio Vargas (FGV), feito a pedido do Valor, com base nos preços do varejo dentro dos Índices Gerais de Preços (IGPs).
Segundo André Braz, economista da FGV responsável pela elaboração dos dados, foi observada sequência de 16 meses com taxas acima de dois dígitos, na inflação no varejo do arroz e feijão, entre abril de 2020 e agosto de 2021.
É o período mais duradouro, para essa série, desde a sequência de 19 meses acumulados entre fevereiro de 2012 e agosto de 2013. As taxas de inflação utilizadas nos cálculos consideram sempre a série de altas acumulada em 12 meses.
O aumento de custos, a queda de área plantada — o que reduz oferta — e problemas climáticos que afetam a produção levaram aos preços mais caros, segundo Braz. Ele classifica como “preocupante” o atual cenário. Isso porque permanência de arroz e feijão mais caros, por período tão longo, afasta esses produtos de forma contínua da mesa do consumidor, principalmente entre mais pobres.