Agência Brasil
Um dia após as manifestações contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff, movimentos sociais estiveram hoje (17) no Palácio do Planalto para reforçar o apoio a ela e cobrar mudanças na política econômica.
Dilma recebeu 64 representantes da Frente Brasil Popular, que reúne entidades da sociedade civil, organizações sindicais, parlamentares e intelectuais, entre outros. A reunião durou cerca de três horas e teve a participação dos ministros Jaques Wagner (Casa Civil), Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo), Patrus Ananias (Desenvolvimento Agrário) e Tereza Campello (Desenvolvimento Social e Combate à Fome).
O líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, João Pedro Stédile, afirmou que a posição que as entidades levaram às ruas de várias cidades brasileiras nas manifestações de ontem (16) é de apoio ao governo, pelo afastamento do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMBD-RJ), contra o ajuste fiscal e pela implantação de reformas estruturais no país.
“Somos contra o golpe em curso na Câmara e a favor da democracia. Elegemos Dilma e 27 governadores. Os eleitos devem ser respeitados, porque foi o povo que votou.”
Presidenta da União Nacional de Estudantes (UNE), Carina Vitral disse que os movimentos reforçaram o apoio ao mandato de Dilma, mas pediram à presidenta uma “guinada do governo à esquerda”, de modo a aprofundar conquistas e direitos sociais conquistados nos últimos anos.
“Fizemos uma declaração contrária ao impeachment golpista, mas também uma cobrança forte para que mudanças continuem sendo implementadas. O impeachment sem base legal se configura num golpe à democracia. É pelas mãos dos movimentos sociais que vamos derrubar esse golpe. As ruas serão decisivas para derrubar o golpe.”
Segundo a secretária de Relação com os Movimentos Sociais da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Janeslei Aparecida Albuquerque, Dilma “respondeu muito positivamente” às demandas levadas pelas entidades, mas não se comprometeu com mudanças concretas na política econômica, como querem os movimentos. “Levy não nos representa”, acrescentou Janeslei em referência ao ministro da Fazenda, Joaquim Levy.
Apesar das críticas à política econômica e ao ajuste fiscal, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias, preferiu destacar as convergências entre governo e movimentos sociais em defesa do mandato de Dilma.
“Temos com os movimentos sociais mais convergências que divergências. Temos algumas diferenças, como os próprios movimentos têm entre eles. Nesse momento, nossa grande convergência é a luta contra o impeachment, que consideramos um golpe. A presidenta deixou claro que, superada a crise política, as condições estarão dadas para a retomada do crescimento econômico do Brasil com distribuição de renda”, concluiu o ministro.