O debate sobre a fosfoetanolamina feito nesta sexta-feira à noite, pela Associação dos Amigos e Pacientes de Câncer em Santa Catarina (Aspac), no salão da Capela Santa Clara, no bairro Vendaval, em Biguaçu, esclareceu dúvidas dos pacientes e familiares que estiveram no local.
A substância que está em estudo pode ajudar na cura do câncer. Os testes em laboratórios feitos em ratos indicaram que os animais que receberam o tratamento eliminaram a atividade cancerígena. Além disso, há centenas de relatos de pessoas que se trataram com a droga sintética e diminuíram o câncer e até de outros que se curaram.
O presidente da Aspac, João Vianei, disse, ao Biguá News, que o principal caminho para se conseguir as cápsulas é por meio da justiça. Vários pacientes estão entrando com pedidos de liminares para que tenham acesso ao remédio. “É importante que os pacientes continuem entrando com ações judiciais. Alguns juízes estão concedendo as liminares e outros não. Mas para aqueles que conseguem o deferimento, isso é ótimo. Os depoimentos de pacientes dados aqui com sua experiência com a fosfoetanolamina são surpreendentes. A melhora no quadro de saúde do paciente é significativa. Então isso precisa ser levado em conta pela justiça”, comentou.
O paciente Hilário Segala, de 41 anos, residente em Santa Amaro da Imperatriz, possui câncer no intestino e foi um dos que chegou a se tratar por algum tempo com a substância. Segundo ele, após os 25 dias em que tomou 60 cápsulas, os exames mostraram a diminuição da atividade das células cancerígenas.
“O teste CA 19-9, que é o marcador tumoral específico do meu câncer, caiu de 8,6 para 4,6, sendo que desde que eu iniciei o tratamento convencional, há cinco anos, o CA 19-9 nunca esteve tão baixo. Além disso, o tumor vinha crescendo cerca de quatro milímetros por mês, e nestes 25 dias que usei a substância, cresceu apenas dois, ou seja, teve alguma alteração”, explicou.
O médico Ricardo Vieira, que também é vereador em Florianópolis e atende na rede pública de saúde, esteve no evento e disse que, após conhecer os relatos de pessoas que usaram a substância, decidiu aprofundar os estudos sobre os efeitos dela. Ele disse que passará a prescrever a fosfoetanolamina. “Ela se mostrou inovadora na busca pela cura. É preciso levar em consideração as significativas melhoras de quem se tratou com a fosfoetanolamina”, disse, à reportagem.
Na reunião também estiveram presentes advogadas que estão representando pacientes na justiça, com pedidos de liminares. Uma delas é Marisa Ferreira, que ajuizou cinco ações e conseguiu êxito em duas. Ela tirou dúvidas dos pacientes e trocou informações com as outras profissionais do direito, como, por exemplo, se é melhor ajuizar ações individuais ou uma coletiva. O consenso foi de que a melhor estratégia é com individualização dos casos, pois cada paciente tem um histórico específico de câncer. Além disso, há risco de que uma ação civil seja negada e isso prejudique novos pedidos de liminares.
João Vianei disse que os próximos passos da Aspac são mobilizações – por meio de manifestações públicas – pedindo aos juízes sensibilidade no julgamento dessas causas. “Vamos continuar mobilizando os pacientes, não só de Biguaçu, mas de toda a Grande Florianópolis, e eventualmente organizar um grande manifesto público, na rua, em frente ao Tribunal de Justiça de Santa Catarina. Alguma coisa vai acontecer, pois nós temos direito de ter esperança na cura”, finalizou.
Também participaram do debate a presidente da Associação Empresarial e Cultural de Biguaçu (Acibig), Sandra Molinaro, o vereador Ednei Müller Coelho, a presidente da Associação Brasileira de Portadores de Câncer, Leoni Margarida Simm, e a presidente de honra da Academia de Letras de Biguaçu, Dalvina de Jesus Siqueira.