Deutsche Welle – Grande parte da Venezuela sofreu nesta quinta-feira (7) um apagão, que o governo de Nicolás Maduro imediatamente atribuiu a uma suposta sabotagem na principal central hidrelétrica do país. “Fomos novamente alvo da guerra elétrica. Desta vez atacaram a hidrelétrica de Guri”, afirmou o ministro da Energia, Motta Dominguez, em referência à segunda maior geradora de energia da América do Sul, atrás apenas de Itaipu.
O ministro da Comunicação, Jorge Rodríguez, qualificou o ataque de um ato criminoso que pressupõe “um novo fracasso para a direita”.
O apagão paralisou o comércio, que praticamente não pôde trabalhar sem luz. Num país afetado pela hiperinflação, onde as cédulas perdem logo valor, os pagamentos com cartão são muito importantes, mesmo para pequenas quantias.
A queda atingiu ao menos 23 dos 24 estados e também Caracas, onde o fechamento do metrô forçou milhares de pessoas a seguirem a pé, e o colapso dos semáforos provocou confusão no trânsito. O aeroporto internacional Simón Bolívar também foi afetado pelo corte de energia.
A executiva de vendas Estefanía Pacheco relatou à agência de notícias AFP que teria que caminhar a pé os 12 quilômetros que separam seu local de trabalho, no leste da capital, de sua residência, no oeste.
Na capital, a energia foi cortada abruptamente às 16h50 (horário local), e o apagão durou cerca de oito horas, afetando todas as partes da capital e serviços, como transportes, pouco antes do anoitecer. As linhas telefônicas e de internet foram também interrompidas, bem como a distribuição de água nos edifícios.
Os apagões são cada vez mais frequentes na Venezuela, e agora afetam também a capital. Em menos de duas semanas ocorreram pelo menos três apagões que deixaram grandes setores de Caracas às escuras.
O governo venezuelano atribui os apagões à sabotagem da oposição, acusação que esta desmente, atribuindo os problemas à falta de manutenção e de investimentos no setor, o que é confirmado por especialistas.
Segundo a imprensa venezuelana, milhares de empregados da estatal Corporação Elétrica Nacional da Venezuela (Corpoelec) abandonaram a empresa nos últimos anos devido aos baixos salários e à crise econômica no país.
Há um ano, Maduro ordenou que as Forças Armadas ativassem um plano especial para vigiar instalações do sistema elétrico diante do que chama de uma “guerra elétrica” para gerar descontentamento entre a população, mas os apagões persistem.
AS/lusa/efe/afp