UOL – Primeira partida depois do acesso para Série ‘A’ de 2017, o Avaí espera casa cheia no sábado, no estádio da Ressacada, em jogo contra o Brasil de Pelotas. Mas o clube não vai embolsar um centavo. A arrecadação irá para o volante Renanzinho, de 19 anos, diagnosticado com um tumor no cérebro.
O caso foi mantido em sigilo até esta semana, quando foi anunciado que o atleta passou por duas cirurgias e retirou 70% do tumor. A segunda operação causou sequelas e o jogador está com a movimentação comprometida no lado direito do corpo. Ele recebeu uma cadeira de rodas do clube para se locomover explica o médico do time, Luis Fernando Funchal.
Renanzinho era um promissor juvenil. Nascido Ariquemes (RO), chegou a Florianópolis há cinco anos e fez sucesso nas categorias de base. A trajetória de sucesso projetada pela diretoria do Avaí foi interrompida no começo do ano, quando problemas de visão foram relatados.
O médico conta que mesmo usando óculos o volante continuou a se sentir estranho. Funchal fez uma ressonância magnética da cabeça e percebeu algo estranho. “Quando vi o exame, havia uma massa crescendo na cabeça”. Especialista em ortopedia, ele preferiu não cravar o diagnóstico. Uma biopsia confirmou a má notícia.
A revelação foi um baque para Renanzinho. O volante tem a típica história do jogador brasileiro. Garoto pobre, mudou de estado para morar no alojamento do clube por ver na bola uma forma de vencer na vida e ajudar a família. Funchal conta que o atleta sentiu bastante por saber que estava com um câncer no cérebro. Abatido, apresentou um quadro de depressão.
Os entendidos dizem que o tumor fica no tronco cerebral invadindo o terceiro e quarto ventrículo. Traduzindo, está perto da área que controla a respiração e os movimentos. Funchal diz que a primeira cirurgia, ocorrida há três meses, foi menos radical para tentar evitar sequelas.
Mas o procedimento não resolveu e nova operação foi realizada mês passado. Retirar 70% do tumor resultou em Renanzinho perder a força no braço e perna direita. Funchal declara que no momento o tratamento é feito com radioterapia. Outras alternativas como quimioterapia podem ser aplicadas dependendo da evolução da doença. “Se não jogar mais, que pelo menos sobreviva. É um garoto com menos de 20 anos”, disse o médico.
Renanzinho chegou a voltar aos treinamentos em agosto. Acima do peso, foi recebido com festa pelos companheiros que não tiveram a companhia dele por muito tempo. A saúde não colaborou. Hoje, ele vive com a família em Florianópolis numa casa alugada pelo Avaí.
A diretoria do time informa que a renda do jogo deste sábado será entregue aos familiares na esperança que seja suficiente para compra de uma casa. O time vai descontar apenas os valores das taxas.
O jogo tem caráter especial para o time porque é a primeira partida depois do acesso na Série A, conquistado no último final de semana. Funchal conta que a torcida está comprando a ideia. Uma partida festiva e com este apelo tem previsão de casa cheia.