Do InfoMoney – Com menos de cinco meses de governo, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) experimenta uma profunda reversão na avaliação da sua gestão entre investidores do mercado financeiro. Segundo pesquisa feita pela XP Investimentos com profissionais do setor, entre os dias 22 e 24 de maio, a percepção ótima ou boa do governo Bolsonaro caiu de 86% em janeiro para atuais 14%.
No sentido oposto, o nível de ruim ou péssimo saltou de 1% para 43% no mesmo intervalo. Já as avaliações regulares foram de 13% a 43%, tendo alcançado o pico de 48% no mês passado.
A sondagem ouviu 79 investidores institucionais, entre gestores de recursos, economistas e consultores de grupos nacionais e estrangeiros. Os resultados não refletem a opinião da XP Investimentos, informa publicação da InfoMoney.
A deterioração da imagem do governo junto ao mercado foi muito mais rápida e intensa do que a observada nas pesquisas de avaliação junto à população em geral.
A pesquisa com os investidores mostra, ainda, uma convergência entre o otimismo e o pessimismo com relação ao futuro do governo Bolsonaro. Hoje, 27% dos entrevistados esperam uma gestão ótima ou boa, contra 23% que apostam em uma administração ruim ou péssima. Em janeiro, a fotografia mostrava 83% de projeções positivas e apenas 4% negativas. O grupo dos que apostam em um governo mediano cresceu de 14% para 51%.
Ponto para o “Centrão”
Contudo, se para parcela do público bolsonarista a cruzada do presidente contra o que ele chama de “práticas tradicionais” pode surtir efeito positivo, o resultado parece diverso entre os investidores. A partir da série histórica do levantamento, observa-se que a recente piora nas relações entre o presidente e os parlamentares coincide com dois movimentos: a explosão em sua avaliação negativa e uma significativa melhora na percepção dos investidores sobre o Congresso Nacional.
Segundo a sondagem, o nível ótimo e bom do parlamento chegou a 32% entre agentes do mercado financeiro. É a maior marca registrada desde o fim das eleições. Já as avaliações negativas ficaram em 25%, sete pontos percentuais acima da melhor marca, mas 15 p.p. abaixo do percentual registrado em abril.
O choque entre os poderes, na avaliação da maioria dos investidores consultados, porém, é uma tendência da atual gestão. De acordo com o levantamento, apenas 13% acreditam que o relacionamento entre presidente e parlamento irá melhorar. Já 71% apostam na manutenção do quadro atual, enquanto 16% veem espaço para piora.