O presidente Jair Bolsonaro admitiu hoje que errou ao atribuir ao Tribunal de Contas da União (TCU) um relatório que apontaria supernotificação de mortes por covid. Ontem, a fala do presidente a apoiadores foi desmentida pelo órgão. Apesar da retratação, o presidente insistiu que vê indícios de distorção dos dados e que há inúmeros “vídeos de Whatsapp” demonstrando isso. Também prometeu mobilizar a Controladoria-Geral da União (CGU) para analisar o caso.
Ao tentar justificar as informações que atribuiu ao TCU, Bolsonaro alegou que gostaria de fazer menção a um acórdão do tribunal que alertava para a possibilidade de Estados inflarem números sobre a covid como forma de receberem mais recursos do governo federal.
“Tem uma lei complementar do ano passado que diz que a distribuição de verba do governo federal para Estados levava em conta alguns critérios, o mais importante era a incidência de covid. O próprio TCU dizia que esta lei poderia incentivar prática não desejável da supernotificação de covid”, afirmou o presidente. “A tabela quem fez fui eu, não foi o TCU”.
Ontem, o presidente não usou o termo “tabela”, mas afirmou que um relatório do TCU mostrava que “em torno de 50% dos óbitos por covid no ano passado não foram por covid”.
Hoje, para justificar sua afirmação de que houve supernotificação de mortes, Bolsonaro argumentou que o número de óbitos por outras doenças não aumentou entre 2019 e 2020, o que contraria o ritmo da estatística nos anos anteriores, e citou vídeos divulgados em aplicativos de mensagens.
“Via CGU, vamos fazer uma investigação em cima disso. É um indício fortíssimo, vocês devem ter visto muitos vídeos no Whatsapp dizendo ‘meu pai, meu tio, meu avô, não morreu de covid'”, argumentou.
O presidente também acusou governadores de utilizarem estes números para “justificar toque de recolher e lockdown”. As medidas de isolamento, adotadas nos países desenvolvidos como forma de frear a doença, são criticadas pelo presidente, que reiteradamente descumpre as principais recomendações sanitárias ao não usar máscara e incentivar aglomerações.