O Corpo de Bombeiros Militar foi acionado mais de 50 vezes em Florianópolis, em uma semana, para atender ocorrências envolvendo jacarés. Segundo a corporação e o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama), é possível que o aumento no número desses animais em áreas urbanas ocorreu por causa do grande volume de chuva na semana passada.
“Nós recebemos 50 chamados, mas de fato atendemos de 15 a 20 ocorrências porque muitos se referiam ao mesmo animal”, explicou o 1º tenente do Corpo de Bombeiros, Felipe Pires. Segundo ele, geralmente os bombeiros são acionados uma vez por mês para ocorrências envolvendo jacarés.
Pelo menos três desses animais foram capturados pelos bombeiros nos últimos dias. Um filhote estava no pátio de uma casa no bairro Santa Mônica. Em Canasvieiras, outro acabou sendo levado para praia com a enxurrada. O último caso foi na segunda-feira (16), no bairro Pantanal.
Só na manhã desta terça-feira (16), a equipe da NSC TV avistou 14 jacarés tomando banho de sol em uma área de mangue no bairro Santa Mônica, próximo a um shopping. “Pelo extravasamento do volume do manguezal, onde é o habitat mais concentrado desses crocodilianos, eles se expandiram e foram procurar novos habitats. Não deixa de ser uma consequência natural ao evento atípico que aconteceu com essas chuvas semana passada”, detalha o analista ambiental do Ibama, Alessandro de Souza Queiroz.
Falta de predadores naturais
Nenhuma pesquisa comprova o aumento populacional dos jacarés na capital, mas o Ibama acredita que isso esteja ocorrendo, especialmente pela menor presença de predadores naturais. “Por exemplo, as garças, que seriam predadores dos ovos e filhotes de jacarés, a gente tem visto cada vez menos na região. O que talvez tenha a ver também com o tráfico de fauna dentro da ilha que introduziu os saguis em Florianópolis. O sagui se alimenta dos ovos das garças. Tudo isso pode ter contribuído pra um desequilíbrio”, explica o analista ambiental do Ibama.
Orientação
Os jacarés de Florianópolis são do tipo papo amarelo, que como quaisquer répteis, podem ser agressivos ao se sentirem ameaçados. Segundo a Fundação Municipal do Meio Ambiente (Floram), essa espécie é nativa em manguezais e áreas alagadas da capital.
Mesmo se forem filhotes ou parecerem dóceis, a orientação ao encontrar um jacaré é não se aproximar e acionar o órgão ambiental ou os bombeiros.
“Não chegue de forma alguma próximo ao animal porque ele pode atacar a qualquer momento. Ligue imediatamente para o órgão ambiental. A gente faz a verificação e tenta fazer a captura desse animal para devolver ao seu habitat natural”, diz o tenente dos bombeiros.
A prefeitura da capital afirma que, se não forem importunados, os jacarés não tendem a atacar nem interagir com os seres humanos, de forma que em nenhuma hipótese deve-se tentar espantar ou agredir os animais caso sejam encontrados nas áreas urbanas.