Na sessão ordinária dessa terça-feira, dia 26 de outubro, na Câmara Municipal de Biguaçu, o cacique Hyral Moreira, da aldeia M’Biguaçu, fez uso da Tribuna Livre. A convite do vereador Lucas Rosa Vieira, o representante da comunidade indígena guarani Yynn Moroti Wherá, localizada em São Miguel, estreou o espaço criado por meio do Projeto de Resolução nº 07/2021, do vereador Sandro Andrade, que tem como objetivo aproximar cidadãos, presidentes de associações, líderes comunitários e religiosos, por meio da participação da comunidade durante a sessão, para tratar de assuntos relacionados ao município.
O cacique Hyral destacou o sentimento de honradez em abrir o projeto no Legislativo e manifestou expectativa de que o espaço seja uma oportunidade para que cada comunidade possa apresentar suas particularidades e participar efetivamente, como cidadãos. O líder indígena, que já soma aproximadamente 25 anos como cacique, falou ainda sobre a visibilidade dos povos indígenas perante à sociedade. “Eu diria que há um tabu na maneira como somos vistos. Muitas pessoas têm a ideia de que o Governo Federal oferece todo o apoio, mas não é verdade, nós vivemos com muitas dificuldades. Nós temos os mesmos direitos e deveres que todo munícipe, também contribuímos pagando impostos quando utilizamos mercados e outros serviços. No entanto, muitas vezes somos isolados. Somos diferentes pela cultura, mas temos as mesmas dificuldades”, avaliou Hyral.
“A gente vem desconstruindo um paradigma, para fortalecer cada vez mais esse vínculo com a comunidade indígena. Não tem como falar do contexto histórico, social e econômico do município sem falar do povo indígena”, ressaltou o vereador Lucas Rosa Vieira, que aproveitou a oportunidade para parabenizar ao secretário municipal de Cultura, Esporte, Turismo e Lazer, Davi de Oliveira, que incluiu o povo indígena, pela primeira vez, nas comemorações de aniversário da cidade; e também ao professor Marcelo dos Santos, a quem descreveu como um interlocutor entre o povo indígena e a comunidade. “Reforçando a fala do Marcelo, nós precisamos entender o povo indígena, antes de qualquer coisa, como munícipe, que tem suas necessidades, moram num determinado lugar do município, consomem na cidade, tem suas dificuldades sociais como qualquer outra região”, finalizou o popular Lucas Manequinha.
Como participar?
O vereador proponente do projeto Tribuna Livre, Sandro Andrade, destacou que a iniciativa da proposição foi em conjunto com os vereadores da Casa, uma vez que todos aprovaram. “É uma forma de trazermos os munícipes para conhecerem a Câmara e, também, para que nós possamos conhecer melhor o nosso município”, frisou Sandro. Emocionado com o depoimento do cacique Hyral, o presidente da Casa, Ednei Muller Coelho, declarou que a data será marcante para o Legislativo, como a estreia da Tribuna Livre; também ressaltou a importância do pensamento no bem social, nas diferenças; e ainda lembrou das demais comunidades indígenas existentes em Biguaçu, que são: a Mymba Roqa, na localidade conhecida como Amaral; a aldeia Itanhaém, no Morro da Palha; e a Ygua Porá, no Amâncio.
Na sequência, os demais vereadores da Casa também enalteceram a presença do cacique Hyral e a importância do espaço. Para fazer uso da Tribuna Livre, os interessados deverão se inscrever junto à Secretaria da Casa, com antecedência mínima de duas sessões ordinárias. A tribuna é aberta à comunidade na última sessão de cada mês, sendo que o cidadão pode falar por até cinco minutos sobre assuntos relacionados ao município.