G1 – O jovem de 21 anos preso pela chacina de cinco pessoas, sendo quatro da mesma família, em Florianópolis, declarou à Polícia Civil que planejou e executou o crime porque prestou serviços gerais ao empresário Leandro Gaspar Lemos, uma das vítimas, por mais de um ano e não teve o trabalho pago. As informações são do delegado Ênio de Oliveira Mattos, da Delegacia de Homicídios da Capital. “A dívida de mais de R$ 40 mil que Leandro tinha com esse suspeito não foi paga e a família do rapaz passou a ser ameaçada”, declarou Mattos.
O jovem, que foi preso em São José, na Grande Florianópolis, é natural de Belém (PA) e mora há alguns anos em Santa Catarina, informou o delegado. “O crime foi motivado por vingança. Esse rapaz pediu a um amigo, que tinha uma arma, para que o ajudasse a render a família e a executar o crime. Ele não tinha antecedentes criminais e disse que planejou as mortes após assistir um filme, mas não especificou qual”, declarou.
O outro suspeito, de 22 anos, preso em Santa do Livramento (RS), preferiu se manter em silêncio diante da Polícia Civil. Segundo o delegado, ele é natural de Florianópolis, trabalhava como ambulante na praia e na adolescência respondeu por atos infracionais relacionados a roubo e tráfico. “Sabemos que há um terceiro envolvido no crime, mas ele ainda não foi identificado”, disse Ênio.
Conforme Mattos, a prisão temporária dos dois jovens pode ser prorrogada ou convertida em preventiva. Na semana passada, outro homem foi preso por receptação. Ele estava com um Palio da família, um dos três carros roubados após a chacina. Os outros dois já foram recuperados.
Vítimas
A chacina ocorreu em 6 de julho. Além de Leandro Lemos, de 44 anos, morreram ainda o pai e os irmãos dele: o empresário Paulo Gaspar Lemos, 78, Paulo Gaspar Lemos Junior, 51, que tinha deficiência intelectual, e a artesã Katya Gaspar Lemos, de 50. A quinta vítima era Ricardo Lora, 39, sócio da família. Com exceção de Leandro, todos viviam no apart-hotel.
Carro apreendido
O Palio da família foi apreendido pela Polícia Militar em uma construção abandonada no bairro Rio Vermelho, no Norte da Ilha. “Ficamos de campana até que um homem foi buscá-lo, então o prendemos em flagrante, mas ele se manteve em silêncio”, afirmou o delegado.
Os outros dois carros que os criminosos levaram após as mortes foram encontrados pela polícia ainda no dia do crime.
Dívidas
Paulo Lemos teria dívidas de mais de R$ 300 milhões, mas as investigações apontam que os criminosos quiseram se vingar de um débito de Leandro. “Era mais o filho. Mas aí acabaram levando tudo porque é a família. É aquilo que estava [escrito] lá [no local do crime]: ‘acabaram com nossa família, chegou a vez de vocês'”.
O pai era acusado na Justiça paulista por estelionato. Em Santa Catarina, chegou a responder pelo crime de calúnia, enquanto Leandro, por apropriação indébita.
Crime
Encapuzados e usando luvas, três homens armados chegaram ao apart-hotel, em Canasvieiras, no Norte da Ilha, na tarde de 5 de julho e renderam seis pessoas. As vítimas foram amarradas e, com exceção de uma funcionária, que conseguiu fugir, foram torturadas e mortas por asfixia.
Após a fuga, a funcionária chamou a polícia. Quando chegaram ao local, por volta da 0h30, os policiais encontraram os corpos, de barriga para baixo, espalhados pelos cômodos. Havia gasolina espalhada pelo apart-hotel e nas roupas das vítimas.
As investigações apontam que os cinco mortos foram ainda torturados psicologicamente por oito horas.
A Polícia Civil disse que os bandidos facilitaram a fuga da única pessoa que escapou da chacina.