Durante o mês de julho, as massas de ar frio serão intensas na região Sul do país mantendo a temperatura baixa por longos períodos, segundo dados divulgados nesta segunda-feira (27), pelo Clima Tempo. Com atenção para a segunda quinzena do mês, pois tem previsão de ondas de frio fortes. Duas quedas acentuadas de temperatura já estão previstas, uma na segunda quinzena de julho e outra entre o finalzinho do mês e principalmente no comecinho do mês de agosto.
As frentes frias vão passar de forma litorânea pela Região Sul do Brasil. No interior da região os eventos de chuva diminuem, ficando abaixo da média, na sua grande maioria. Com exceção das áreas do leste e nordeste de Santa Catarina, do leste do Paraná e das áreas do Rio Grande do Sul que fazem divisa com o Uruguai.
Temperatura do Oceano Pacífico e a influência no tempo no Brasil
O Pacífico equatorial segue com águas mais frias que a média histórica neste mês de julho, caracterizando um evento de La Niña. E a La Nina continuará atuando nos próximos meses e enfraquecerá só no início de 2023.
Por curiosidade, mesmo sob La Niña, estamos registrando chuva forte sobre a Região Sul desde março. Isso aconteceu pela formação de bloqueios atmosféricos e gradientes de temperatura mais favoráveis no oceano Atlântico nos últimos meses.
Ou seja, esse gradiente de temperatura estava favorecendo a formação de frentes frias mais frequentes sobre o Sul do país. Com a parte mais fria na altura do norte da Argentina e a mais quente entre o Paraná e o Sudeste do país. Ou seja, a corrente das Corrente das Malvinas chegou a aumentar as águas mais frias na altura do norte da América do Sul, e próximo à costa do Sul do país, favorecendo esse gradiente de temperatura. Além da faixa leste equatorial do Oceano Pacífico ter esquentado e contribuído na circulação dos ventos em altitude, e na mudança das chuvas.
Além disso, a Oscilação da Antártica (AAO) no final do Outono de 2022 chegou a ficar negativo, o que justifica, em parte, também as precipitações acima da média em parte do Sul do país.
Explicando mais detalhadamente a Oscilação da Antártica (AAO) ou Modo Anular Sul (SAM) estava recentemente na fase negativa, com isso geralmente há um enfraquecimento do Vórtice Estratosférico Polar e dos ventos de oeste. Isso pode ser observado através da corrente de jato polar que passa a fazer um caminho com muitas curvas em torno do Hemisfério Sul, dando suporte dinâmico para que as frentes frias e ciclones extratropicais se desenvolvam em latitudes mais baixas (próximo do Brasil por exemplo).E nessa fase negativa consequentemente há mais chuva na metade sul do país. Outro fator, é o oceano pacífico que está frio (na La Niña) quando associado a AAO, na sua fase negativa, há mais registros também de bloqueios atmosféricos no Brasil, se comparadas com a fase positiva.
De acordo com a previsão probabilística da Universidade de Colúmbia, a chuva forte prosseguirá entre junho e agosto, porém mais ao sul, sobre nas áreas mais ao sul e leste do Rio Grande do Sul. Mais ao norte, a chuva fica abaixo da média em Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul.
E neste caso, além da atuação da La Niña, o gradiente de temperatura da faixa sudoeste do Oceano Atlântico ficará mais atenuado, inibindo um pouco mais a formação de frentes frias persistentes.