G1 – O câncer da cozinheira Roselei Zonta começou na pele, depois apareceu nas axilas e chegou aos pulmões. Ela precisa tomar um remédio que não é fornecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e confere ao tratamento um custo de R$ 18 mil por mês. Ela recorreu à Justiça para obter o custeio, mas o pedido foi negado pela juíza da Vara da Fazenda Pública, Execuções Fiscais, Acidentes de Trabalho e Registros Públicos, em Itajaí, Sônia Maria Mazzetto Moroso Terres. Na última semana, a juíza indeferiu ao menos nove pedidos como esse.
A justificativa médica para indicar este medicamento é de que ele tem uma taxa de resposta superior ao tratamento oferecido na rede pública. A juíza começou a indeferir pedidos como esse em 25 de abril. Até agora, foram ao menos 15 pedidos negados. Antes, ela costumava dar decisões favoráveis aos pacientes nesses casos.
“Chegará um momento, pela progressão geométrica, que findará o orçamento para medicamentos somente com as ações judiciais. E isso me fez questionar, que não é papel do judiciário estar administrando, que é o que eu passei a fazer, a dotação orçamentária do município para fornecer medicamento para aqueles que chegam até a Justiça”, argumentou a juíza Sônia Moroso Terres.
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Uma alternativa ao remédio caro é um tratamento oferecido em Itajaí. Um Centro de Tratamento da cidade integra uma pesquisa internacional financiada pela indústria farmacêutica, que fornece o medicamento gratuitamente, mas os pacientes não podem ter sido submetidos à quimioterapia.
“Quando a gente comenta de quimioterapia, a gente tá falando de uma medicação que destrói todas as células – as células boas e as células ruins, que são as células do câncer. Então, tem todos os efeitos, as reações associadas a isso, que são os enjoos, a queda de cabelo, a baixa da imunidade. E a imunoterapia também é uma medicação que a gente aplica no paciente só que ele faz um efeito diferente. A gente estimula o nosso próprio organismo, as nossas próprias células de defesa a reconhecerem as células diferentes, que são as células do câncer, para serem destruídas”, explicou o oncologista Giuliano Borges.
“No momento, eu estou no auxílio doença, mas até então trabalhava. Eu contribuo, para o INSS, para o tratamento, pra ajudar com os impostos. Não é justo que na hora que a gente mais precisa a gente não tenha o auxílio necessário, né?”, questionou a paciente.