Mesmo com o impasse em torno da data da eleição, a quinta candidatura à presidência da Câmara dos Deputados foi registrada hoje (8), a do peemedebista Fábio Ramalho (MG), para ocupar o cargo de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) após sua renúncia. Fábio Ramalho está em seu terceiro mandato. Formado em direito, o parlamentar foi prefeito de Malacacheta (MG) entre 1997 e 2004.
Além de Ramalho, registraram candidaturas na Secretaria-Geral da Mesa os deputados Carlos Henrique Gaguim (PTN-TO), Fausto Pinato (PP-SP) – que foi o primeiro relator do processo contra Cunha no Conselho de Ética – e Carlos Manato (SD-ES), que é o atual corregedor da Câmara. O ex-ministro da Saúde do governo Dilma Marcelo Castro (PMDB-PI) também registrou candidatura.
Enquanto a situação do mandato de Cunha não se define, nos corredores da Câmara continuam as negociações em torno de um novo nome que o sucederá no comando da Casa. A expectativa é que o 1º secretário da Mesa Diretora, Beto Mansur (PRB-SP), também registre sua candidatura em breve. Mansur anunciou a intenção de concorrer ao cargo em entrevista coletiva no final da manhã.
Reunião da Mesa e Colégio de Líderes
Na manhã de hoje, o presidente interino Waldir Maranhão disse que manteria a eleição para a próxima quinta-feira (14). Em seguida, Maranhão anunciou a exoneração do secretário-geral da Mesa (SGM) da Câmara, Silvio Avelino, que participou da conversa entre os parlamentares. Funcionário da Casa, Avelino que comandou por 15 anos o Departamento de Comissões da Câmara, chegou à SGM com a eleição de Cunha.
A tarde houve reunião de líderes partidários do chamado “centrão”, que compõe a base aliada do presidente interino, Michel Temer. Defensores de que a eleição seja feita na terça-feira (12), eles marcaram nova reunião para segunda-feira (11), às 17h, para confirmar a convocação do Colégio de Líderes e tentar fazer o pleito na terça.
A data e o horário marcado pelos líderes é o mesmo previsto para a reunião da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) que pode decidir o futuro político de Cunha. Caso a data se confirme, a CCJ teria que cancelar a reunião, que é questionada por opositores e Cunha.
Reunião remarcada
Marcada inicialmente para segunda-feira (11), a reunião foi remarcada ontem (7) pelo presidente do colegiado, Osmar Serraglio (PMDB-PR), após a renúncia e o anúncio de que Cunha apresentou um aditamento a um recurso em trâmite na comissão pedindo que a tramitação de seu processo de cassação no Conselho de Ética seja revisto.
O líder da Rede, Alessandro Molon (RJ) disse que a mudança faz parte de uma manobra para atrasar o processo e evitar a cassação do deputado. Ele anunciou que está colhendo assinaturas na Casa para manter a reunião na segunda-feira, mas o documento, que precisa de um terço das assinaturas do colegiado, tem efeito mais simbólico do que prático, pois precisaria ser aprovado por maioria simples da CCJ em uma sessão já agendada.
Instabilidade de Maranhão
Os líderes partidários do “centrão” justificaram a urgência alegando a instabilidade das decisões de Waldir Maranhão na presidência. Segundo eles, caso a eleição seja feita na quinta-feira, o presidente interino poderia cancelar de última hora a sessão, jogando a decisão para depois do recesso parlamentar, em agosto. “Nosso receio é que, por algum motivo, a eleição de quinta seja revogada, como já foram outras decisões recentes”, disse o líder do PSD, Rogério Rosso (DF), após reunião.
Contrário à eleição na terça-feira, o líder do DEM, Pauderney Avelino (AM), defendeu a data de quinta-feira para o processo. Segundo ele, uma convocação pelos líderes só poderia ser feita caso houvesse omissão de Waldir Maranhão. “Um conjunto de partidos está querendo se sobrepor a um presidente em exercício que já tomou providências para fazer a eleição na quinta-feira”, disse.
Agência Brasil