A delegada Érica Mialik Marena, que em 2017 chefiou a área de combate à corrupção e desvios de verbas públicas da Superintendência da Polícia Federal, em Santa Catarina, foi nomeada pelo ministro da Justiça, Sérgio Moro, para o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), segundo publicação feita na Folha de S. Paulo, neste domingo. Partiu dela o pedido de prisão do então reitor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Luiz Carlos Cancelier – que suicidou-se depois disso.
O Coaf é o órgão que fiscaliza movimentações financeiras atípicas – como aquelas feitas pelo ex-assessor de Flávio Bolsonaro (PSL), Fabrício Queiroz, quando ele era deputado no Rio de Janeiro. Conforme tributaristas ouvidos pela Folha de S. Paulo, a indicação de Marena para o órgão aponta que o conselho poderá passar por mudanças.
Atualmente, o Coaf atua com elaboração de relatórios de indícios de irregularidades, que são enviados a órgãos como a PF, Banco Central e Ministério da Justiça. Como Érica é especialista em investigação de crimes financeiros e recuperação de ativos, e o Coaf não precisa de autorização judicial para olhar os dados bancários de qualquer pessoa ou empresa, a suspeita é que o conselho passe a investigar, ao invés de apenas produzir relatos de inteligência.
Até o governo Michel Temer (MDB), o Coaf era ligado ao Ministério da Fazenda. A mudança para a pasta da Justiça foi uma das exigências de Sérgio Moro para assumir o cargo, quando ele foi convidado pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL). Com essa alteração, Moro – o principal juiz da operação Lava Jato – agora tem sob suas ordens o poder investigativo da PF e também os olhos de Érica Marena nas movimentações bancárias atípicas.
Moro e Marena fizeram uma espécie de “parceria” quado os dois atuavam na Lava Jato, em Curitiba – ela era uma das delegadas da PF na Força Tarefa da operação.
Natural de Apucarana, no Norte do Paraná, Marena ingressou na corporação em 2003, no cargo de delegada. Além das capitais paranaense e catarinense, ela também atuou em São Paulo, na Delegacia de Crimes Financeiros (Delefin), e foi superintendente da PF em Sergipe.