BBC – O Facebook foi alvo de polêmica após a eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos, quando usuários, pesquisadores e colunistas de jornais americanos afirmaram que notícias falsas sobre os candidatos podem ter influenciado a escolha dos eleitores.
Os críticos afirmam ainda que a empresa não toma providências suficientes para impedir que grupos políticos espalhem boatos na rede.
Na noite do último sábado, Zuckerberg disse, novamente em uma publicação em seu perfil na rede social, que a empresa “trabalha com esse problema há muito tempo e leva essa responsabilidade a sério”.
Mas ele afirmou também que o tema é “complexo, tecnicamente e filosoficamente”, já que o Facebook não quer desestimular o compartilhamento de opiniões ou tornar-se “árbitro da verdade”.
Propostas
O CEO disse ainda que a empresa desenvolve sete propostas para combater a desinformação de maneira mais eficiente:
- Desenvolver sistemas técnicos mais eficientes, para detectar o que as pessoas irão denunciar como falso antes que elas façam isso;
- Tornar mais fácil o processo de denúncia reportagens falsas;
- Fazer parcerias com organizações de checagem de fatos;
- Rotular os links que foram denunciados como notícia falsa e mostrar avisos quando as pessoas lerem ou compartilharem estes links;
- Aumentar a exigência de qualidade para os links que aparecem como “relacionados” na linha do tempo;
- Dificultar o lucro dos sites de notícias falsas com anúncios;
- Trabalhar com jornalistas para aprender métodos de checagem de fatos.
“Algumas dessas ideias irão funcionar e outras não, mas quero que vocês saibam que sempre levamos isso a sério, entendemos a importância deste assunto para nossa comunidade e estamos determinados a resolver isso”, afirmou o empresário.
A controvérsia mostra que, com mais poder, empresas como o Facebook terão suas práticas cada vez mais questionadas, diz o analista de tecnologia da BBC Dave Lee. E precisam saber responder a estes questionamentos.
“Há um abismo de prestação de contas entre o que as empresas de tecnologia fazem e o que permitem que o público fique sabendo. Não dá mais para Zuckerberg negar um problema e esperar que as pessoas simplesmente acreditem na palavra dele”, afirma.
“As ambições globais de Zuckerberg dependerão da sua habilidade de ser um político astuto. A polêmica das notícias falsas foi um teste importante e ele não se saiu bem – arrastando o assunto por mais de uma semana.”
Ideia ‘maluca’
Zuckerberg chegou a responder às acusações dizendo que a ideia de que notícias falsas na rede social teriam influenciado as eleições era “bem maluca” em uma conferência de tecnologia na Califórnia. E afirmou, em seu perfil, que 99% do conteúdo noticioso que circula no site é “autêntico”.
Na mensagem deste sábado, ele voltou a afirmar que “o percentual de desinformação é relativamente pequeno”.
Mas após suas declarações iniciais, o site Buzzfeed noticiou que funcionários do Facebook, insatisfeitos com a resposta do fundador da empresa, criaram uma força-tarefa informal para abordar o problema.
O site também publicou um levantamento mostrando que notícias falsas tiveram maior engajamento (participação) no site do que as verdadeiras nos três meses anteriores à eleição.
O número de sites de notícias falsas têm aumentado por causa dos lucros que podem ser obtidos com a venda de anúncios publicitários nestas páginas.
Alguns passam do conteúdo humorístico e satírico para invenções mais elaboradas porque acreditam que este conteúdo tende a ser mais compartilhado nas redes sociais – o que, por sua vez, gera mais acesso ao site.
Uma das reportagens mais compartilhadas no Facebook durante o período eleitoral americano, por exemplo, dizia que o papa Francisco declarou publicamente seu apoio a Donald Trump, algo que não ocorreu.
Na última segunda-feira, o Google anunciou que faria mais para impedir que sites de notícias falsas ganhem dinheiro através de anúncios em seu buscador.
Em seguida, o Facebook fez uma restrição semelhante ao uso de seu sistema de anúncios.