Na briga com a dupla Fla-Flu, a Ferj (Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro) enviou documento à CBF em que exige medidas para tirar poder da Primeira Liga sobre o regional, e adia-la para 2017. O comando da liga rechaça e disse que a lei brasileira impede interferência. Agora depende da CBF que pode tentar proibir a liga e pedir punição da Fifa aos clubes.
Um arbitral na sexta-feira na Ferj tinha estabelecido proibição de a dupla Fla-Flu jogar em 2016 a liga que reúne times de Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Além disso, fazia uma série de exigências para que a CBF aceite a realização do regional em 2017.
São oito obrigações divulgadas pela Ferj na noite de segunda-feira que interferem diretamente na realização do torneio. Entre elas, a exigência de que a liga seja organizada pela CBF, que apenas o vice e o campeão do Estadual possam participar, que não existam coincidências com datas do Estadual, e que terá duração máxima do torneio de 15 dias antes do Carioca, ou 30 dias depois dele.
A CBF confirmou que o documento já está em seu departamento jurídico. Na prática, a entidade terá de decidir se cobra dos clubes o cumprimento das normas previstas no ofício da Ferj, ou se omite. À Zero Hora, o secretário-geral da CBF, Walter Feldman, afirmou que tentará acordo com os clubes para a liga ser jogada só em 2017. E reafirmou que não há autorização para o campeonato, mas não cravou que pedirá punição aos times.
Ao mesmo tempo, haverá assembléia da liga nesta terça-feira no Rio para tomar uma posição sobre o assunto. Até agora, Fla e Flu mantêm posição de que vão jogar torneio. Internamente, há quem defenda que, se o Flamengo e Fluminense forem punidos, a CBF teria de punir todos os 15 times da liga, e assumir esse ônus.
Até porque a federação do Rio também já decidiu que moverá um processo na Fifa contra a dupla Fla-Flu em que pedirá a sanção dos times, como antecipou o blog do PVC. A reclamação só terá futuro, no entanto, se a CBF a encampar. Isso porque a Ferj não é filiada à federação internacional e só pode encaminhar reivindicações por meio da confedração.
Ouvido, o advogado da Liga, Eduardo Carlezzo, rechaçou a possibilidade de interferência na liga: “Não há na Lei Pelé nenhum dispositivo legal que obrigue os clubes de futebol a obterem prévia autorização das federações da CBF para a criação de uma liga. Bem como não existe na lei brasileira qualquer norma que proíba um clube de disputar o campeonato da liga”, afirmou o advogado. Segundo ele, a lei veta interferência de federações em ligas.