The New York Times
Era uma manhã ensolarada de outubro quando Christopher Schmidt caminhava pelos campos verdejantes de Magazine Beach, um parque público às margens do rio Charles, em Cambridge, Massachusetts. Em busca de uma vista melhor do local, ele lançou seu drone, um quadcóptero DJI Phantom equipado com uma câmera.
Então, observou o seguinte: um gavião jovem circulou o aparelho e, em poucos segundos, mergulhou com as asas, o rabo e as garras abertas — ele agarrou o drone durante o voo. Schmidt desligou as hélices e o pássaro foi embora, sem ferimentos aparentes. O drone caiu sem qualquer dano significativo, a não ser por uma pequena torção na trem de pouso.
Schmidt, um desenvolvedor de software de 31 anos, postou o encontro no YouTube. Até o momento o vídeo já foi visto mais de cinco milhões de vezes, mas está longe de ser a única evidência de confronto entre animais e veículos aéreos não tripulados.
Em outros vídeos, falcões-do-mar, gralhas, gaivotas e gansos perseguem e atacam drones em pleno ar. Com um salto e um soco, um canguru derruba um drone no chão. Um guepardo persegue, salta e destrói outra máquina. Um cabrito nervoso dá uma cabeçada em um drone que se arrisca em um voo rasante. E um chimpanzé rebelde que vive em um zoológico holandês derruba o intruso com a ajuda de um galho.
À medida que os drones se tornam menores, mais baratos e fáceis de operar, os animais encaram cada vez mais esses paparazzi voadores. Durante uma conferência recente, Rich Swayze da Administração Federal de Aviação estimou que um milhão de drones serão vendidos nos EUA neste natal. Ainda assim, a agência ainda não publicou uma regulamentação oficial para o uso comercial dos drones. Quanto aos usuários recreativos, a agência os encoraja a seguir diretrizes de segurança básicas, que praticamente não mencionam os animais.
Os usuários recreativos dos drones já afastaram focas e seus filhotes para dentro do mar e assustaram furões que mergulharam nas águas de Morro Bay, afirmou Scott Kathey, coordenador de regulamentação federal do Santuário Marinho Nacional da Baía de Monterey, na Califórnia. Em junho do ano passado, o Serviço Nacional de Parques proibiu o uso de veículos aéreos não tripulados nos partes, em parte porque os drones incomodam os carneiros selvagens e outros animais.
Essas interações alarmaram os biólogos especializados em animais silvestres — especialmente à medida que mais e mais cientistas têm usado os drones para estudar animais. Os aparelhos frequentemente são mais seguros, leves e baratos e geralmente causam menos incômodo que helicópteros, jipes ou barcos, por exemplo. “A última coisa que o cientista quer fazer é atrapalhar o comportamento natural dos animais. Eles querem passar despercebidos”, afirmou Kathey.