Hora de Santa Catarina, Gabriela Wolff e Mayara Vieira
O Hospital de Biguaçu, inaugurado em agosto de 2015 após anos de atraso, abriu as portas à população com a promessa de integrar uma rede de atendimento com os outros hospitais públicos da Grande Florianópolis, diminuindo as filas de espera para consultas e cirurgias.
Entre os meses de março e junho, a integração chegou a acontecer, com o encaminhamento de pacientes de outros hospitais, porém com o fim do repasse mensal da Secretaria de Estado de Saúde de R$ 800 mil, o hospital vai passar a atender somente a região, diminuindo a quantidade de serviços.
Atualmente, o hospital opera com 30% da capacidade, por meio de um repasse do Governo Federal no valor de R$ 1.248 milhão. São realizadas em média 2 mil consultas, 2 mil exames e cerca de 100 procedimentos cirúrgicos por mês. A intenção era de que o serviços fossem aumentando por etapas, mas a UTI, por exemplo, nunca chegou a ser aberta.
No mês de junho, 38 funcionários foram demitidos por falta de dinheiro e surgiram rumores que o hospital corria o risco de fechar. Em sessão especial da Comissão de Saúde Alesc, no dia 14 de junho na Capital, o diretor do hospital, Claudio Marmentini, anunciou que a emergência referência da instituição fechou as portas nesta semana por falta de repasse de verbas do Estado:
– Fizemos um acordo em março deste ano de repasses mensais de R$ 800 mil para oferecermos serviços de clínica médica e pronto-atendimento, mas não recebemos nenhuma verba desde então. Por isso, suspendemos o atendimento e vamos ter que demitir pelo menos 40 funcionários – disse o diretor.
Consultas, exames e cirurgias eletivas continuam sendo feitos. A ala que realizava os atendimentos referenciados (pacientes encaminhados de outros hospitais) foi lacrada, e 43 leitos estão vazios. Atualmente, o hospital realiza uma média de cem cirurgias eletivas por mês. De acordo com o prefeito de Biguaçu, Ramon Wollinger, não existe o risco de a instituição fechar as portas:
– Para quem é de Biguaçu e região não muda nada, o que acontece é que o hospital não vai mais funcionar como retaguarda do Hospital Regional. Com o recurso federal conseguimos manter os atendimentos, e queremos triplicar a quantidade de cirurgias eletivas – explicou.
De acordo com o prefeito, a São Camilo, entidade que administra o hospital, continua fazendo o que foi acordado com a prefeitura, porém com a falta de repasse a equipe que fazia o atendimento de retaguarda do Hospital Regional de São José foi desmobilizada.
Corte no repasse
Por meio de nota, a Secretaria de Estado de Saúde confirmou o corte no repasse mensal de verbas em razão dos níveis de produção da unidade estarem abaixo do volume inicialmente estimado e também da redução da arrecadação e do orçamento do Estado. De acordo com a Secretaria, o atendimento será mantido com a parte da União, que corresponde a 50% dos repasses previstos.
A Secretaria ainda afirmou em nota que novas reuniões estão sendo feitas entre o Estado e o município para readequar o perfil de atendimento do hospital. São ajustes que serão trabalhados, talvez focando na realização de cirurgias eletivas da comarca de Biguaçu. Hoje a unidade teria condições de triplicar a realização desses procedimentos, alternativa que aceleraria e aumentaria a utilização dos leitos disponíveis.