O governo federal está realizando uma série de estudos para constatar se é viável adotar, em todo o País, uma campanha de vacinação contra a dengue. A informação foi confirmada nesta terça-feira (11) por Francieli Fantinato, da Secretaria de Vigilância das Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, em audiência pública promovida pela Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados.
A Dengvaxia, vacina desenvolvida pelo laboratório francês Sanofi Pasteur, já é comercializada na rede particular brasileira e vem sem sendo adotada em uma campanha pública no estado do Paraná. Os moradores de 30 municípios paranaenses estão recebendo a segunda dose do imunizante, e os resultados têm sido monitorados pelo Ministério da Saúde.
Francieli informou que a eventual aquisição da vacina para uma campanha nacional está em exame pelo Comitê Técnico Assessor de Imunizações (CTAI) do órgão.
Ela explicou que uma das principais análises em andamento é a do custo-benefício do produto. “Isso inclui o preço da vacina, a quantidade de doses necessárias, a eficácia, a logística de distribuição e até a previsão de perda dos frascos depois de abertos”, citou.
Em 2016, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou a comercialização da vacina, na rede privada, por um valor que varia de R$ 132,76 a R$ 138,53, dependendo do ICMSadotado em cada estado.
Francieli Fontinato não descartou o uso da vacina nas campanhas nacionais, mas reformou que isso dependerá do resultado das análises. “São estudos que vão nos possibilitar uma melhor avaliação para a tomada de decisão. Isso não quer dizer que o ministério não vá adotar essa vacina futuramente”, afirmou.
Número de doses
Ela acrescentou que o comitê do Ministério da Saúde considera ideal uma vacina que tenha dose única, garanta imunização contra os quatro sorotipos da dengue, tenha eficácia de longa duração e não apresente efeitos adversos graves. “Ainda não se sabe o tempo de duração dos efeitos da Dengvaxia, mas foi considerada satisfatória a eficácia por um ano”, apontou.
O imunizante desenvolvido pelo laboratório Sanofi Pasteur requer três doses por pessoa.
Fabricante
As vantagens do uso da vacina foram apontadas pela representante do fabricante, Sheila Homsani. Ela explicou que o imunizante já é comercializado na rede privada em 14 países, não tem efeitos colaterais e é eficaz contra os quatro tipos de dengue conhecidos.
Segundo ela, a Dengvaxia protege duas de cada três pessoas vacinadas, o mesmo índice de sucesso da vacina contra a gripe, e é a única do mundo que conseguiu concluir todos os estudos necessários.
De acordo com Sheila, uma campanha de vacinação regular feita em pessoas entre 9 e 45 anos de idade faria cair pela metade o número de ocorrências de dengue no País. “No Brasil, 70% dos casos de dengue atingem essa faixa etária e custam por ano R$ 4 bilhões, entre efeitos econômicos diretos e indiretos”, comentou.
Projeto
A audiência pública foi uma iniciativa do deputado (PMDB-RJ), que defende a inclusão da vacina no cronograma do Ministério da Saúde. “É a primeira vacina contra a dengue e a única disponível no mercado que reduz o número de casos graves e de hospitalizações”, apontou.
Serfiotis anunciou que deve ser o relator de um projeto (PL 4320/16) que obriga a inclusão de vacina contra a dengue na campanha nacional do governo.
A proposta foi apresentado pelo deputado Luciano Ducci (PSB-PR), que participou do debate e também defendeu a vacinação nacional. “O Paraná vivia a maior epidemia da história, com 50 mil casos, e decidiu vacinar a população em 30 municípios. A primeira etapa atingiu 200 mil pessoas, sem efeitos colaterais. Agora está na segunda fase, com 250 mil pessoas”, listou.
Outra vacina
Além da Dengvaxia, uma outra vacina está sendo desenvolvida no Brasil, esta pelo Instituto Butantan. O imunizante, porém, ainda está em fase de testes e não foi liberado pela Anvisa. “A previsão é que os primeiros dados estejam disponíveis em 2018”, adiantou Daniela Cerqueira, da agência reguladora.
O Ministério da Saúde alerta que, mesmo com a vacina, é preciso continuar a combater o mosquito Aedes aegypti, que transmite a dengue, a febre chikungunya e o zika vírus. No Brasil, foram notificados quase 1,5 milhão de casos de dengue no ano passado.