A greve nacional dos caminhoneiros chega ao final de seu segundo dia causando impacto na produção de carnes no Oeste Catarinense e também no abastecimento em postos de combustíveis em algumas cidades do interior do Estado. Os motoristas autônomos protestam em todo o país contra os sucessivos aumentos nos preços do óleo diesel e dizem que o manifesto não tem prazo para terminar.
O impacto no setor de carnes ocorre nas unidades da Aurora Alimentos, que comunicou hoje, ao mercado, a suspensão das atividades das indústrias de processamento de aves e suínos em Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul na quinta (24) e sexta-feira (25). Conforme a indústria, a capacidade e armazenamento de 50 mil toneladas está esgotada e, com os caminhões parados, não tem como escoar sua produção. De acordo com a Aurora, “28 mil trabalhadores diretos serão dispensados temporariamente e cerca de oito mil produtores rurais terão de adotar regime de restrição alimentar aos plantéis de aves, suínos e bovinos”.
Outro setor já impactado é o de combustíveis. Em cidades catarinenses – como São Lourenço do Oeste – já há postos sem gasolina e diesel, pois os caminhões tanques não puderam chegar aos seus destinos – seja por bloqueio ou por adesão de seus proprietários ao movimento grevista.
Nesta terça-feira de manhã, produtores de grama e caminhoneiros fecharam a via de acesso a Transpetro em Biguaçu – terminal que recebe combustível através de oleodutos vindos do Paraná e de onde sai o abastecimento dos postos na Grande Florianópolis.
Indústria preocupada
A Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc) publicou nota, ao final da tarde, relatando que tem recebido manifestações de empresas do setor sobre problemas com a mobilidade de cargas e pessoas em função do movimento dos caminhoneiros, que protestam contra a política de preços da Petrobras.
“Esperamos que governo e caminhoneiros cheguem a uma rápida solução para o impasse, para evitar vultosos prejuízos à indústria e ao País”, disse o presidente da FIiesc, Glauco José Côrte, preocupado com os relatos de bloqueios de rodovias que rapidamente trazem implicações para indústria, varejo e para toda a sociedade.
“Independentemente do mérito das reivindicações, as manifestações não devem prejudicar a mobilidade de pessoas e cargas, o que é especialmente grave no caso de setores como o de alimentos, um dos mais importantes da indústria catarinense”, avaliou Côrte.
Em ofício ao ministro dos Transportes, Valter Casimiro Silveira, a Fiesc destacou que no momento atual a paralisação “será mais um duro golpe na competitividade da indústria nacional e motivo de maior encolhimento da arrecadação tributária” e alertou que haverá impacto no fluxo de produção, comprometendo a conservação de produtos perecíveis, o cumprimento de prazos contratuais internacionais, o atraso no abastecimento do mercado interno, entre outros prejuízos. No documento, a Federação solicita o estabelecimento de negociações para superar o impasse e providências para evitar bloqueio nas rodovias.