Alexandre Alves/Coluna Entrelinhas – O grupo político do prefeito Salmir da Silva (MDB) saiu muito fortalecido das urnas nestas eleições municipais, garantindo uma goleada na disputa do Poder Executivo com 70,01% dos votos e 13 cadeiras no Legislativo. No entanto, o grupo vai ter que tomar cuidados para não rachar, como ocorreu com o grupo do ex-prefeito Ramon Wollinger, em 2016.
Naquele ano, Ramon, então no PSD, venceu uma disputa muito apertada contra Tuta (então no MDB) e foi reeleito com apenas 83 votos de diferença. O grupo tinha um “acerto” com Vilson Alves (PP), que recuou de sua candidatura a prefeito para ser o vice de Ramon. Porém, logo após a reeleição, o grupo que saiu vitorioso nas urnas começou a “rachar”, de olho já na eleição seguinte, em 2020.
O racha não foi contido por Ramon e resultou em derrotas na Câmara, principalmente para eleição da mesa diretora para o anuênio 2019. Uma parte da base aliada queria votar no candidato a presidência apoiado por Vilson e, a outra, naquele apoiado por Douglas Borba. O resultado é que Salmir foi eleito presidente da Câmara. No ano seguinte, foi eleito prefeito com mais de 5 mil votos de vantagem sobre Vilson, e agora reeleito com 17 mil votos de sobra sobre Tuta.
O que a derrocada do grupo de Ramon formado em 2016 ensina ao grupo vitorioso de Salmir em 2024? Simples, que os acordos têm que ser respeitados.
Salmir tem um acordo para apoiar Alexandre Martins de Souza (Podemos) para prefeito em 2028. Praticamente todos do grupo sabem que o vice de Salmir é naturalmente o candidato do grupo no próximo pleito. Se algum dos que participaram da campanha vitoriosa selada com uma goleada no adversário no último domingo não respeitar o acordo, o grupo racha – assim como ocorreu com o grupo que venceu em 2016, e depois sofreu duas derrotas, em 2020 e 2024.
O certo para quem tem aspirações ao cargo de prefeito é não rachar o grupo, mas sim “entrar na fila”. Caberá a Salmir conduzir o grupo para ficar unido até a próxima eleição, colocando freio de arrumação quando for preciso, e até “cortando as asas” daquele que tentar rachar o grupo. Política se faz com política. Ramon, por certo, deve ter se arrependido de não tê-la feita no tempo certo. E quem rachou seu grupo, também.