A coleta de dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2017-2018, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foi iniciada hoje e tem como tema Condições de Vida e Hábitos de Consumo das Famílias brasileiras. O levantamento, feito a cada 6 ou 7 anos, demora 12 meses e visitará, nesta edição, mais de 75 mil domicílios de 1.900 municípios com o objetivo de atualizar os itens de consumo das famílias e a estrutura de ponderação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do país.
O gerente da pesquisa, André Martins, explicou hoje (26) que a investigação reúne informações detalhadas do consumo e utilização dos recursos das famílias. “Como alocam esses rendimentos e como executam a sua estrutura de despesa, por exemplo. A partir dessas informações, a gente vai atualizar a estrutura de despesa das famílias, que são superimportantes para os índices de preços do IBGE, como a inflação oficial. Permite a realização de vários estudos importantes, como conhecer o estado nutricional da população. É também uma fonte de dados riquíssima para os pesquisadores e estudantes que realizam várias pesquisas com os dados que o IBGE oferece”, disse ele.
Amostra aleatória
A amostra de domicílios a ser visitada em todo o país é aleatória, a partir do Cadastro Nacional de Endereços para Fins Estatísticos (Cnef). Em cada casa selecionada, serão aplicados seis questionários sobre as características do domicílio e dos moradores; aquisição coletiva; caderneta para anotação diária de aquisição coletiva; aquisição individual; trabalho e rendimento individual; e avaliação das condições de vida.
“A partir dessas informações você pode entender melhor e criar novas políticas públicas associadas às despesas das famílias, como a relação de despesa com planos de saúde, aquisição de gêneros alimentícios e despesas escolares. Conhecendo todo esse processo, toda essa estrutura de despesa, você pode acompanhar políticas públicas para habitação, transporte, gastos com educação, saúde e outros tipos de análise que são importantes para a nossa sociedade”, afirmou Martins.
Serão mil agentes de pesquisa do IBGE visitando os domicílios e o levantamento em cada um leva nove dias, sendo o primeiro para a abordagem inicial com o questionário inicial, além da explicação sobre como preencher a caderneta das despesas diárias, que deve ser feita por sete dias seguidos. O agente volta ao domicílio quantas vezes considerar necessário, em horário combinado com a família. No nono dia, é aplicado o último questionário e são recolhidos os demais que ficaram para preenchimento da família.
Segurança alimentar
Em cerca de 30 mil domicílios, será aplicado também um sétimo questionário, que é o bloco de consumo alimentar pessoal. Segundo Martins, o objetivo é verificar a segurança alimentar da população associada ao padrão de consumo de alimentos.
“Vamos aplicar a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar, já utilizada em pesquisas domiciliares anteriores do IBGE, como a Pesquisa Nacional Por Amostra de Domicílio (Pnad), divulgando dados sobre a segurança alimentar, e nós temos a maioria dos domicílios nessa condição. Essa informação – com as de despesa com gêneros alimentícios – vai permitir entender melhor a questão, que tipo de despesa se faz, que tipo de alimento se compra e como está a ingestão de energia, sal e açúcar. As pesquisas anteriores mostraram que a nossa população está com uma ingestão alta de sal e açúcares e isso precisa melhorar”, acentuou Martins.
De acordo com ele, os dados levantados permitirão ao Brasil acompanhar a implantação de dez dos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), que são metas para o mundo atingir até o ano de 2030. Entre elas, a erradicação da pobreza, fome zero, boa saúde e bem estar, educação de qualidade, igualdade de gênero, água limpa e saneamento e emprego digno e crescimento econômico.
A pesquisa é feita desde 1970 e acompanha as mudanças nos hábitos de consumo do brasileiro. Por meio da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), por exemplo, foram verificados o aumento do peso das refeições fora de casa e o crescimento do consumo digital com a popularização da telefonia celular e da internet.
Também se verificou que, na última pesquisa, feita em 2008/2009, os gastos com transporte consumiam 18% do orçamento familiar e alimentação e bebida chegavam a 25%. Esta é a sexta vez que o levantamento é feito e a divulgação dos dados está prevista para 2019, quando também começa a ser implementada a POF contínua, para fazer a avaliação mais sistemática do orçamento familiar no país.