G1 – A Procuradoria-Geral da República (PGR) entrou com pedido no Supremo Tribunal Federal (STF) para que o inquérito contra o senador Dalírio Beber e o ex-prefeito de Blumenau, no Vale do Itajaí, Napoleão Bernardes – ambos do PSDB – que tramita naquela instância seja encaminhado para a Justiça de Santa Catarina. A investigação é referente à Operação Lava Jato, da Polícia Federal.
Os dois políticos foram citados em delações dos ex-executivos da Odebrecht. Beber é suspeito de articular em 2012 um repasse de R$ 500 mil a Bernardes, então candidato a prefeito de Blumenau.
O senador e o ex-prefeito são suspeitos de corrupção passiva, corrupção ativa e lavagem de dinheiro. O G1 não conseguiu falar com as defesas de Beber e Bernardes. Em outras ocasiões, porém, ambos disseram ser inocentes.
O pedido da PGR foi feito ao STF no dia 14 de junho, em função da decisão recente do Supremo que restringe o foro privilegiado de senadores e deputados, reduzindo essa prerrogativa para os processos sobre crimes ocorridos durante o mandato e relacionados ao exercício do cargo parlamentar.
No caso de Beber, os supostos crimes teriam ocorrido quando ele era presidente da Casan (Companhia Catarinense de Águas e Saneamento). O inquérito foi parar no STF em função do cargo de senador, mas com o novo entendimento do STF, a PGR pediu para que a investigação fosse para o Poder Judiciário catarinense.
Acusação
Segundo o Ministério Público Federal, um dos colabores relatou que, nas eleições de 2012, foram identificados candidatos a prefeito com chance de êxito nos municípios em que a Odebrecht detinha concessões, a fim de buscar apoio para continuidade dos contratos de saneamento de água e esgoto.
Um desses municípios era Blumenau, e um dos então candidatos a prefeitura era Bernardes. Um dos delatores da Odebrecht afirma ter havido um encontro com Beber, que era presidente da Casan e articulador da campanha, e que naquela ocasião foi pedido repasse de R$ 500 mil ao então candidato a prefeito.
A soma, afirma a delação, foi paga por meio do Setor de Operações Estruturadas e o beneficiário identificado no sistema Drousys, que segundo as investigações tinha informações sobre pagamento de propina da Odebrecht, como ‘Conquistador’.