A Polícia Civil do Distrito Federal, com apoio das Polícias Civis dos estados de Santa Catarina e do Rio de Janeiro, deflagrou na quinta-feira (20) a Operação Policial “Rael”, com o intuito de desarticular uma organização criminosa dedicada à prática de extorsões com o golpe do “falso sequestro”. Um dos envolvidos foi preso em Florianópolis.
A investigação teve início em outubro de 2023, quando um idoso morador do Distrito Federal foi vítima do grupo e permaneceu no celular por 20 horas, sob a ameaça dos autores de que seu filho estaria sequestrado e a exigência de pagamento de “resgate”. As investigações constataram a existência de uma engenhosa rede criminosa, com diversos núcleos, liderada por três indivíduos com aprofundado conhecimento em informática, que utilizavam seu conhecimento para esconder seus rastros na internet.
Os líderes eram responsáveis pela compra de dados de potenciais vítimas em “painéis” disponíveis na internet e depois repassavam os dados para seus comparsas entrarem em contato com as vítimas. As ligações para as vítimas eram feitas por presos recolhidos no regime semiaberto do estado do Rio de Janeiro, a partir de duas unidades prisionais.
Assim que os presos conseguiam convencer alguma vítima, eles repassavam as informações aos líderes que mantinham grupos de “entregadores” no Estados de Estados de São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Goiás, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Acre, Mato Grosso do Sul, Ceará, Bahia, Pernambuco, Espírito Santo e Distrito Federal.
As vítimas então eram orientadas a colocar cartões bancários e objetos de valores em sacolas que eram recolhidas pelos “entregadores”, que faziam saques e transferências enquanto a vítima ainda era mantida na linha sob ameaça dos autores presos. Ao fim os entregadores ainda remetiam os objetos de valor e joias para uma agência dos Correios em Niterói (RJ), onde eles eram recolhidos pelos líderes do grupo.
O principal líder do grupo já havia sido preso pela PCSP dentro do Sistema Prisional do Rio de Janeiro no ano de 2007, enquanto extorquia vítimas do Estado de São Paulo. Desde então ele se especializou nesse tipo de golpe e criou essa variação do golpe com apoio local, aprendeu a ocultar seus rastros na internet e ainda criou uma empresa de revenda de joias para destinar os objetos recolhidos na residência das vítimas.
Os líderes da organização criminosa tiveram suas prisões preventivas decretadas pela 1ª Vara Criminal de Taguatinga, que também determinou o sequestro valores e expediu dez mandados de busca e apreensão que foram cumpridos em Santa Maria (DF), Florianópolis (SC), Angra dos Reis e Rio de Janeiro (RJ).
De acordo com o delegado Anselmo Cruz, titular da Delegacia de Roubos e Antissequestro – DRAS/DEIC, nesta quinta-feira (20), os policiais civis da DRAS cumpriram dois mandados de buscas e concretizaram a prisão de um dos integrantes do grupo, no Bairro Rio Vermelho, em Florianópolis.
Ao total foram identificados 10 integrantes do grupo, dentre eles os presos responsáveis pelas ligações, “entregadores” e todos os líderes, que irão responder pelos crimes de extorsão, organização criminosa e lavagem de capitais, podendo ser condenados até 31 anos de prisão.