O mecânico Luiz Antônio Teixeira de Biazi, de 62 anos, conseguiu na Justiça se tornar proprietário de um Jeep Dodge, ano 1942, de cor verde, deixado em sua oficina por um amigo há cerca de 25 anos, em Porangatu, na região norte de Goiás. A posse do veículo, produzido para abastecer as tropas americanas durante a Segunda Guerra Mundial, foi dada com base na lei de usucapião – quando se dá a propriedade por posse prolongada de algo.
A decisão foi da juíza Patrícia Passoli Ghedin na última terça-feira (10). Após a sentença, ele agora aguarda apenas a emissão do documento em seu nome para passear com o “possante”.
Em entrevista ao G1, Luiz Antônio disse que um amigo adquiriu o carro e deixou com ele para que fosse restaurado. Cerca de dez anos depois, ele reapareceu, disse que não tinha como arrumá-lo e afirmou que o mecânico poderia ficar com ele ou “jogá-lo fora”. O amigo acabou falecendo depois disso.
“O jipe estava apodrecendo. O tempo acabou com ele. Nunca tive vontade de arrumá-lo para mim, mas quando ele me deu, fui olhar e pensei: ‘vamos fazer essa coisa andar'”, disse.
A tarefa, segundo ele, foi árdua. Como o veículo é raro e bastante antigo, conseguir peças originais – ou ao menos parecidas – era quase impossível. Então, o mecânico resolveu ele próprio produzi-las. “Da estrutura, aproveitei muito pouco. Ia em lojas e ferros-velhos, mas não achava nada. Então comecei a pesquisar na internet e fazia eu mesmo as peças”, afirma.
O idoso disse que não sabe estimar, nem por alto, quanto gastou na restauração. Mas depois de três anos, o jipe estava pronto para rodar.
No entanto, ainda havia um problema: Luiz Antônio não tinha qualquer documento que comprovasse a propriedade do veículo. Por isso, o jipe ficou cerca de dez anos parado dentro da garagem. “Eu funcionava ele e dava apenas umas voltinhas aqui no quarteirão. Não tinha os documentos. Se a fiscalização me parasse, tinha medo de ir preso”, conta.
Após ouvir um conhecido dizer que passou por situação semelhante e conseguiu na Justiça se tornar dono do carro, ele fez o mesmo. Depois de alguns meses, foi realizada na última terça-feira (10) a audiência em que foi concedida a ele a propriedade do veículo.
Agora ela aguarda somente que o Departamento Estadual de Trânsito (Detran) altere o documento do jipe para poder rodar de forma regularizada. Ver o carro rodando, além de um orgulho, será uma forma de homenagear o amigo, que lhe deu o veículo.
“Ele ia gostar muito, pois tinha vontade de ver o jipe pronto e rodando”, salienta.