Os manifestantes que estão apoiando a greve dos caminhoneiros e bloqueando o acesso ao terminal da Transpetro, em Biguaçu, liberaram, na tarde de ontem (24), uma carga de gasolina para o Estado abastecer as viaturas das polícias Civil e Militar e os veículos de resgate do Corpo de Bombeiros e do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
Um representante do governo estadual esteve no local negociando com os grevistas, que entenderam ser importante manter as forças policiais e as ambulâncias do Samu abastecidas e concordaram em autorizar a passagem do caminhão tanque. Contudo, conforme uma fonte de Biguá News que acompanha o movimento, essa deve ser a única exceção, sem abrir margem para abastecimento de outros tipos de frotas – como de prefeituras ou de transporte coletivo, por exemplo.
A greve já entra no 5º dia e parece ainda estar longe de ter uma solução. O governo federal tentou negociar uma proposta de trégua ontem, mas os termos do “acordo” não foram aceitos pelos caminhoneiros autônomos, que não se desmobilizaram. De concreto, foi ofertado 10% de desconto no preço do óleo diesel pelo período de 30 dias e zerar a alíquota da Cide (uma contribuição específica sobre os combustíveis) até o final do ano, além da promessa de reajuste somente uma vez por mês. Isso é insuficiente para encerrar a greve, segundo os motoristas, que pedem isenção do PIS, Cofins e Cide sobre o preço do diesel, entre outras pautas do setor.
Efeitos da greve
Os efeitos da paralisação dos caminhoneiros estão ganhando nova dimensão nesta sexta-feira, com a diminuição do número de ônibus do transporte coletivo nas capitais e regiões metropolitanas, e também da suspensão de voos por falta de combustível de aviação nos aeroportos – como o de Brasília, que já não tem querosene para encher os tanques dos aviões. Outros aeroportos do país, como do Recife, também estão com os reservatórios secando. O de Florianópolis deve começar a limitar as operações a partir deste sábado.
Com um eventual “colapso” no transporte público por falta de combustível, praticamente todas as empresas do país devem ser afetadas, prejudicando de imediato a economia – não só das próprias empresas, mas também dos governos nas três esferas – e colocando mais “pressão” no presidente Michel Temer (MDB), que neste momento parece não saber como solucionar o gigante problema instalado no Brasil.