Biguá News/Alexandre Alves
Por motivos que só cabe explicar à sua própria filha e aos seus familiares, Amélia Maria Pedrini, hoje com 53 anos, deixou a menina Cláudia Pedrini, na época com dois anos de idade, morando com a tia da garota – e cunhada de Amélia – Dalva Pedrini, na cidade de Brusque, no Vale do Itajaí. O ano era 1986. Amélia tinha 22 anos. Ela resolveu, antes de ir embora da cidade, doar Cláudia para Dalva. Esta, a adotou como sua filha e inclusive a registrou em cartório.
Com o passar dos anos, Cláudia soube de toda a história. Ela casou, teve quatro filhos, mas em seu coração havia uma lacuna a ser preenchida, pois precisava encontrar a mãe para reatar os laços maternais. Contudo, a mulher não sabia por onde começar. Afinal, onde estaria morando Amélia?
Mas essa história começou a mudar há alguns dias, quando Cláudia ficou conhecendo o trabalho do SOS Desaparecidos, da Polícia Militar de Santa Catarina. O grupo de policiais especializados em encontrar pessoas desaparecidas havia resolvido um caso na cidade de Brusque. A mulher não teve dúvidas e foi procurá-los, contando toda a sua história.
De posse das informações – e principalmente do nome da mãe de Cláudia – os agentes do SOS Desaparecidos começaram as buscas, há cerca de duas semanas. Por meio de um banco de dados usado pelo departamento foi identificada uma pessoa que poderia ser Amélia Maria Pedrini, morando no bairro Cachoeira, em Biguaçu.
O trabalho de campo foi iniciado pelo experiente cabo Ribeiro, que mapeou com os vizinhos se por ali residia aquela mulher da fotografia, por nome de Amélia. Contudo, os moradores das redondezas não conheciam ninguém com aquele nome. Porém, uma pista chamou a atenção do policial. Uma moradora afirmou que aquela pessoa da foto morava sim no bairro, mas o nome era “Cláudia”, e não Amélia. Cabo Ribeiro logo notou que a “Cláudia” do bairro Cachoeira era, na verdade, Amélia Maria.
No primeiro contato com Amélia, na frente da casa dela, após ter a certeza de que tinha localizado a pessoa correta, o policial disse a ela que a filha Cláudia, hoje com 33 anos, estava procurando a mãe. Amélia, logo, caiu em prantos, convidou os policiais para adentrar à sua residência, onde conversaram e marcaram o encontro.
Na manhã desta sexta-feira (14), Cláudia foi levada pela equipe do SOS Desaparecidos até a casa de Amélia – que já a esperava no portão. Mãe e filha se abraçaram e a emoção tomou conta de todos que presenciaram o tão aguardado reencontro.
Para a sargento Marta, que participou da investigação, contribuir para que pessoas se reencontrem e tenham um final feliz conforta o coração de quem trabalha constantemente em casos que, muitas vezes, não têm o mesmo desfecho. “Foi emocionante presenciar esse encontro”, comentou, com a reportagem do Biguá News.
Com o serviço concluído, a equipe deixou a família na casa de Amélia e retornou para Florianópolis, com o sentimento de dever cumprido. Trabalharam nesse caso, além do cabo Ribeiro e da sargento Marta, a agente Manuella – que faz a primeira coleta de informações para dar base à investigação – e o tenente-coronel Marcus Roberto Claudino, que é o coordenador do SOS Desaparecidos.