O Museu Etnográfico, localizado na Casa dos Açores, em Biguaçu, terá seu espaço expositivo requalificado, com a revisão e adequação do acervo existente e recebido em doação, de acordo com a linha conceitual da instituição. O edital para a realização dos trabalhos foi anunciado pela presidente da Fundação Catarinense de Cultura, Ana Lúcia Coutinho, durante a solenidade em comemoração pelos 40 anos da FCC, na noite desta quarta-feira (24), no Cinema do Centro Integrado de Cultura (CIC), em Florianópolis.
O edital de Tomada de Preços nº 004/2019 já está disponível para consulta no Portal de Compras do Governo do Estado (www.portaldecompras.sc.gov.br). Os documentos de Habilitação, Proposta Técnica e da Proposta de Preços devem ser entregues até o dia 29 de maio de 2019, às 15h, no Protocolo da Fundação Catarinense de Cultura, localizado na Avenida Governador Irineu Bornhausen, nº 5.600, Agronômica – Florianópolis. A abertura dos envelopes de Documentos (Habilitação) ocorrerá no dia 29 de maio de 2019, até as 15h10; e dos demais no dia 12 de julho de 2019, até as 15h.
Serão investidos R$ 225.719,00 em parceria com o Ministério Público, com o objetivo de desenvolver o projeto de requalificação do espaço expositivo, rediscutir os trajetos de visitação, a utilização dos espaços internos e externos, aprimorar os suportes e a comunicação expositiva (painéis, etiquetas, descrições, suportes tecnológicos, entre outros), a iluminação e demais elementos físicos que compõem a expografia, bem como elaborar orçamento de execução desta exposição. “Queremos que o Museu seja um portal de entrada, uma referência na salvaguarda da cultura açoriana no litoral catarinense”, destacou Ana Lúcia Coutinho durante o anúncio.
Em análise realizada pela equipe técnica da Diretoria de Preservação do Patrimônio Cultural da FCC, foram diagnosticados problemas no espaço expositivo, tanto na questão da seleção dos acervos, organização da exposição e comunicação com o público. O local passou recentemente por revisão e ajustes possíveis, conforme as condições materiais e técnicas disponíveis. Desta forma, foi disponibilizado ao público um rico acervo, mas a comunicação e a proteção destas peças ainda precisam de melhorias.
O projeto deve criar as condições necessárias para acondicionar o acervo recebido em doação do Grupo Arcos Pró-Resgate da Memória Histórica, Artística e Cultural de Biguaçu, composto por trajes folclóricos originais das ilhas dos Açores e litoral catarinense, material bibliográfico e audiovisual, artesanato de referência cultural, instrumentos musicais, materiais de escritório, documentos permanentes e fotografias. Por se tratar de imóvel tombado, todos os projetos deverão ser elaborados respeitando os valores estéticos e culturais do imóvel que sedia o Museu, com o mínimo de interferência na autenticidade histórica, estética, dos materiais, dos processos construtivos, do espaço envolvente ou outras.
Relevância Histórica
Além da localização privilegiada, que facilita o acesso com segurança de escolas e visitantes, a Casa dos Açores faz parte de um conjunto arquitetônico e paisagístico de grande relevância para a história de Santa Catarina, a Vila de São Miguel, que compreende a Igreja Matriz, o cemitério centenário, o sobrado, as cacimbas, a fonte de escravos e sua respectiva chácara, remanescente de um engenho, e o Aqueduto. As bases da povoação desta Vila remontam a meados do século XVIII e deve-se a suas características geográficas: o porto natural, a praia, e fartura no fornecimento de água doce, além da sua proximidade com a Fortaleza de Santa Cruz. Após a tomada da Ilha de Santa Catarina pelos espanhóis em 1777, São Miguel passa a ser a capital da Capitania entre maio e julho de 1778.
A Casa dos Açores, construída no século XIX, abriga o Museu Etnográfico. O imóvel foi adquirido pelo Governo do Estado de Santa Catarina em 1978 e passou por restauração para se transformar em museu, inaugurado no dia 4 de março de 1979. A edificação, juntamente com a Igreja de São Miguel Arcanjo, a chácara e os arcos do antigo aqueduto, é tombada pela FCC, em âmbito estadual, e pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em âmbito federal.