Alexandre Alves/Coluna Entrelinhas – Antes de qualquer coisa, o jornalista que vos escreve ressalta que este não é um texto contra a vereadora Salete Cardoso (PL). Como jornalista político, eu até gosto do jeito combativo e aguerrido dela (embora concorde que ser “guerreiro demais” desperta rejeição de muitas pessoas). Assim, ressalta-se que o texto é uma análise dos erros políticos cometidos por Salete – uma pessoa com 20 anos de experiência na política – nesta eleição.
Com a eleição de Jorginho Mello (PL) para governador em 2022, Salete preparou um “grande tiro” na sua carreira política nas eleições municipais deste ano, almejando eleger-se prefeita ou vice-prefeita de Biguaçu. A conjuntura política a obrigou a concorrer a vice de Tuta (PSD) e o resultado foi acachapante: vitória de Salmir e Alexandre com 70,01% dos votos válidos, enquanto Tuta e Salete fizeram apenas 27,13%.
Salete cometeu vários erros neste processo eleitoral. Um deles foi achar que tinha envergadura política para estar numa chapa majoritária. O resultado das urnas mostrou que não tinha tanta envergadura assim. Outro foi descartar uma possível reeleição na Câmara devido à cegueira por um cargo eletivo no Executivo. E na esteira dos erros pontua-se ainda a tentativa de se passar por bolsonarista para tentar captar os votos da direita conservadora de Biguaçu. Como sabemos, não deu certo.
Na tentativa de se passar por bolsonarista, Salete começou a vestir verde e amarelo, passou o “perfume do mito” e até fez curso de tiro, publicando fotos em redes sociais apontando uma pistola. O tiro, como sabemos, saiu pela culatra quando circulou nas redes sociais um vídeo dela atacando Bolsonaro na tribuna da Câmara Municipal.
Salete não analisou bem o cenário eleitoral de Biguaçu ao cometer esses e vários outros erros. No começo do ano, ela e Tuta não tinham sequer pesquisas de consumo interno para decifrar o que estava pensando o eleitorado. Acreditaram que poderiam vencer um prefeito que tinha R$ 70 milhões em obras realizadas, nome limpo e aprovação popular nas alturas.
Durante o pleito eleitoral cometeu vários outros erros, como querer decidir tudo na coligação. Houveram vários embates com coordenadores da campanha. Além disso, tanto Salete, quanto Tuta, não se prepararam bem financeiramente para custear uma candidatura majoritária em Biguaçu. Informações de dentro do núcleo político da coligação dão conta que faltou verba no momento mais crucial, a reta final. Sem dinheiro, a campanha minguou.
ERRO ESTRATÉGICO
Mas talvez o grande erro estratégico de Salete tenha sido desprezar a chance clara de reeleição para o sexto mandato na Câmara de Biguaçu, já que no PL haviam candidatos que poderiam – junto com a candidatura da própria Salete – garantir duas cadeiras no Legislativo. Bia Borba fez uma vaga para o partido ao somar 988 votos. Salete, que na eleição de 2020 fez 905, poderia ficar com uma segunda cadeira na distribuição das sobras – ou até com a 1ª, caso superasse Bia.
Mas Salete queria a prefeitura. E não deu. Agora o relógio corre contra Salete que, no dia 31 de dezembro de 2024, interromperá seus 20 anos de carreira política em Biguaçu.