O ex-deputado e ex-secretário estadual Gilmar Knaesel (PSDB), preso suspeito de desviar recursos destinados a organizações não-governamentais (ONGs) para realização de eventos esportivos, é investigado em 200 processos no Tribunal de Contas de Santa Catarina (TCE-SC), conforme mostrou o RBS Notícias desta terça-feira (14).
Esses processos foram usados na operação ‘Bola Murcha’, da Polícia Civil, mas ainda precisam ser analisados. No entanto, 173 multas já aplicadas apontam irregularidades na aprovação e no repasse de recursos públicos. Segundo a Polícia Civil, ao menos seis Organizações Não Governamentais (ONGs) de Biguaçu e região receberam dinheiro do Governo do Estado para eventos que não eram realizados.
“O requinte doloso do desvio de recursos públicos chega ao ponto de introduzir aos processos extratos bancários falsificados, nota fiscais em que a emissão delas ocorreu antes de o bloco de nota fiscal ser emitido, comprovação da realização de eventos utilizando fotos de eventos ocorridos em outros lugares em outras datas”, afirma Diogo Rigenberg, procurador do Ministério Público de Contas de Santa Catarina (MPTC)
Prisão
O ex-deputado estadual e ex-secretário de Turismo de Santa Catarina Gilmar Knaesel (PSDB) foi encaminhado nesta terça-feira (14) para o presídio Regional de Itajaí, no Vale. Outros três suspeitos também foram transferidos para unidades prisionais. O valor desviado, segundo a Polícia Civil, chega a R$ 551,5 mil. Knaesel foi preso preventivamente na noite de segunda-feira (13) na Diretoria de Investigações Criminais (Deic) em Florianópolis.
Na Operação ‘Bola Murcha’, foram expedidos cinco mandados de prisão preventiva. Quatro pessoas foram presas, o ex-deputado e três integrantes de ONGs. Um assessor dele é considerado foragido. Ao todo, 13 pessoas foram indiciadas, suspeitas de participar das irregularidades.
Sete crimes
Os envolvidos vão responder por sete crimes: associação criminosa, estelionato, falsidade ideológica, uso de documento falso, peculato, corrupção passiva e corrupção ativa.
“Os projetos eram apresentados e aprovados pela secretaria de Turismo, Esporte e Cultura, mas os eventos nunca aconteciam. As pessoas ligadas a ONGs, como árbitros esportivos e proprietários de quadras, confessaram que emprestavam suas contas bancárias para depósito dos recursos, recebiam os valores e depois sacavam para dividir o valor entre os envolvidos. Até notas fiscais comprobatórias fraudulentas eram emitidas e entregues à secretaria”, disse o delegado.
Bloqueio de contas
Segundo Watanabe, a polícia tem provas que comprovam a participação de Knaesel nas irregularidades. “O ex-secretário tinha um assessor abaixo dele que organizava tudo para que a culpa não recaísse sobre a figura principal. Ele nega qualquer irregularidade em sua gestão, mas durante as investigações conseguimos materializar todas as condutas”, relatou Watanabe.
Conforme o delegado, a polícia já representou pelo sequestro do valor. Se encontrado na conta de Knaesel, a justiça determinará o bloqueio e ele terá que devolver aos cofres públicos.
Até o início da tarde desta terça a defesa de Knaesel informou ao G1 que não tinha tido acesso ao processo. O G1 não conseguiu contato com a defesa na noite desta terça-feira (14).
Knaesel foi secretário de estado no governo de Luiz Henrique da Silveira (PMDB), além de ter sido deputado estadual por mais de 20 anos. Entre 1999 e 2000, foi presidente da Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc).
Nota do partido
O PSDB emitiu uma nota na manhã desta terça, em que declara não ter tido acesso aos autos do processo que levaram à prisão de Gilmar Knaesel. Segundo o partido, o acesso deve ser liberado no fim do dia.
Na nota, o PSDB afirma que o ex-deputado está disposto a colaborar com a investigação, depois que souber dos motivos que levaram à prisão.
O partido declarou ainda sobre Knaesel que “A Executiva Estadual do PSDB mantém sua irrestrita confiança na lisura de seus atos”.