Os principais países produtores de petróleo acordaram, em Viena, reduzir a produção do óleo para diminuir a oferta e, assim, forçar a alta dos preços da commodity. A decisão foi aprovada nesta quarta-feira, durante a 171ª reunião da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), que ocorre em Viena, na Áustria.
Segundo a agência de notícias Bloomberg, a extração será reduzida em cerca de 1,2 milhões de barris diários. Com isso, a produção diária mundial não deverá ultrapassar 32,5 milhões de barris diários, embora a expectativa da própria Opep seja de um crescimento da demanda mundial em 2016 e em 2017.
Os termos desse novo acordo já tinham sido estabelecidos em setembro, quando o grupo aprovou o chamado Acordo de Argel, estipulando um corte na produção e o teto entre 32,5 milhões e 33 milhões de barris extraídos por dia (bpd). O foco do Acordo de Argel, segundo explicou hoje o presidente da conferência, o ministro da Energia e da Indústria do Qatar, Mohammed Bin Saleh Al-Sada, era “acelerar a retirada dos estoques, trazendo o reequilíbrio do mercado”.
Nível de produção
Um grupo de trabalho foi criado para estudar e recomendar a implementação do nível adequado de produção pelos países membros, discutindo o tema inclusive com representantes dos países produtores que não integram a Opep. “Esses esforços exaustivos para construir um consenso entre todos os produtores têm sido vitais para o processo [de construção de um acordo]”, disse Al-Sada, comentando que limitar a produção de forma a “devolver uma estabilidade sustentável ao mercado” seria benéfico para as economias nacionais e mundial.
De acordo com Al-Sada, o Acordo de Argel vinha sendo capaz de deter “a deterioração dos preços”, até que, em 14 de novembro, os preços voltaram a baixar. “É vital que os estoques comecem a cair. Então os preços começarão a subir e a estabilidade retornará ao mercado. Todos os produtores compreendem a gravidade da situação e todos os consumidores também devem compreendê-la”, acrescentou o ministro, citando a perspectiva de a demanda mundial, em 2040, ultrapassar os 109 milhões de barris de petróleo diários – mais de três vezes o limite estabelecido hoje.
“Este crescimento exigirá investimentos significativos. Em geral, as necessidades estimadas de investimentos relacionados ao petróleo estão próximas de US$ 10 trilhões no período até 2040”, declarou Al-Sada, lembrando que, apesar das perspectivas otimistas para os produtores, os investimentos globais caíram entre 2015 e 2016 e especialistas afirmam que devem se manter nos atuais patamares por mais algum tempo.
Ontem, ao se reunir com os chefes das delegações dos 14 países membros que chegavam a Viena para participar do encontro, o secretário-geral da Opep, Mohammad Sanusi Barkindo, sinalizou com a possibilidade da entidade chegar a um acordo.
Segundo a assessoria da própria Opep, Barkindo e o ministro dos Recursos Petrolíferos da Nigéria, Emmanuel Ibe Kachikwu, discutiram a situação do mercado mundial de petróleo e a necessidade dos produtores enfrentarem o excesso de oferta para tentar “equilibrar o mercado”. Para ambos, “a inação poderia levar a um terceiro ano sem precedentes de subinvestimento no setor, potencialmente prejudicando a oferta futura”.
Criada em 1960, a Opep coordena a política petrolífera dos países membros, orientando a oferta de petróleo no mercado internacional, defendendo os interesses dos produtores sobre os preços. Atualmente, é integrada por 14 países membros: Angola; Arábia Saudita; Argélia; Emirados Arábes; Equador; Gabão; Qatar; Indonésia; Irã; Iraque; Kuwait; Líbia; Nigéria e Venezuela.
Agência Brasil