Dois homens do círculo mais próximo do presidente Michel Temer (MDB), o ex-assessor especial da Presidência José Yunes e o ex-coronel da Polícia Militar de São Paulo João Batista Lima, foram presos na manhã desta quinta-feira, dia 29 de março, em operação deflagrada pela Polícia Federal. Também foi preso o empresário Antônio Celso Grecco, dono da Rodrimar. A empresa, que atua no Porto de Santos, no litoral de São Paulo, é suspeita de ter sido beneficiada por um decreto de 2017, assinado por Temer, em troca de suposto recebimento de propina.
O coronel Lima apareceu nas tramas de corrupção reveladas pela Operação Lava Jato, acusado de ser um intermediário do presidente. Já o advogado José Yunes pediu demissão do cargo de assessor especial da Presidência em 2016, ao ser citado na delação do ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht Cláudio Melo Filho. Segundo o delator, parte dos R$ 10 milhões repassados em 2014, ao MDB, teriam sido pagos no escritório de Yunes – fato que ele nega.
Por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), a PF restringiu a divulgação de informações a respeito da operação. A prisão é temporária, de cinco dias. As medidas foram determinadas pelo ministro Luis Roberto Barroso, relator no STF do chamado Inquérito dos Portos. Como se tratam de cautelares que ainda estão em cumprimento pela PF, para embasar investigações em curso, o MPF não divulgará, por enquanto, os nomes dos alvos dos mandados.
De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), vários mandados de prisão temporária e de busca e apreensão estão sendo cumpridos pela PF, a pedido da procuradora-geral da República, Raquel Dodge.
PRESOS NA OPERAÇÃO DA PF
- José Yunes, advogado, amigo e ex-assessor do presidente Michel Temer
- Antônio Celso Grecco, empresário, dono da empresa Rodrimar
- João Baptista Lima, ex-coronel da Polícia Militar de São Paulo e amigo de Temer
- Wagner Rossi, ex-deputado, ex-ministro e ex-presidente da estatal Codesp
- Milton Ortolan, auxiliar de Wagner Rossi
Em nota, o advogado de Yunes, José Luis Oliveira Lima, classificou a prisão de seu cliente como “inaceitável”. Segundo Lima, Yunes vinha colaborando com as investigações sobre a suspeita de que agentes públicos beneficiaram empresas do setor portuário com a publicação de uma medida provisória.
“É inaceitável a prisão de um advogado com mais de 50 anos de advocacia, que sempre que intimado ou mesmo espontaneamente compareceu a todos os atos para colaborar. Essa prisão ilegal é uma violência contra José Yunes e contra a cidadania”, afirma o advogado na nota.