A Polícia Militar de Santa Catarina (PMSC) criticou o poder público de Governador Celso Ramos, na tarde desta segunda-feira (17), por suposta falta de empenho para coibir a prática de “farra do boi” no município. A avaliação da corporação foi feita em nota oficial de apresentação do Relatório Técnico da Farra do Boi – 2017, que aponta a cidade como sendo a líder no número de casos de maus-tratos a animais durante a quaresma, em Santa Catarina.
Conforme a PMSC, o documento serve como subsídio para o mapeamento, prevenção e monitoramento da prática ilícita. Foram registradas 140 ocorrências no Estado, aumento de 2,56% em comparação ao ano passado. Ao todo, 38 pessoas foram conduzidas à delegacia (16 somente em Governador Celso Ramos). Em 2016, apenas três farristas acabaram detidos.
Houve progressão também no número de animais apreendidos, com 14 bois recolhidos pela Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc) – três a mais que no ano anterior. Somente no município gancheiro houve apreensão de nove animais. Um boi acabou abatido pelo Bope no sábado (15), por estar exaurido e sem condições de ser retirado do local, segundo a PM.
Confrontos com a PM
Também foi registrado um aumento no gráfico de confrontos com a PM, que passou de cinco, em 2016, para nove, em 2017. Em nota, a PMSC repudia manifestações contrárias à legalidade e da mesma forma propõe uma reavaliação conceitual do termo “tradição”, costumeiramente adotado pelos farristas.
“Através da análise do perfil dos conduzidos, em especial no município de Governador Celso Ramos, fica evidenciado que, em sua grande maioria, a prática é fomentada por pessoas mal intencionadas, com algum antecedente criminal, que acabam se aproveitando da ocasião para consumir bebidas alcoólicas, drogas, som alto e afrontar, com isso, a presença da Polícia Militar”, diz trecho do documento.
O comando da PMSC também destaca que emprega considerável efetivo na prevenção da farra do boi, de forma a garantir a ordem pública, bem como estabelecer um diálogo com a comunidade, quando poderia se valer deste mesmo empenho na resolução e emprego muito mais necessário na esfera da segurança pública.
“Acreditamos que mesmo uma ‘tradição’ tem seu momento de evolução na história, caso contrário, ainda hoje, estaríamos queimando mulheres em fogueiras ou realizando enforcamentos em praças públicas”, pontua a nota oficial.
Prefeito rebate
O prefeito de Governador Celso Ramos, Juliano Duarte Campos (PSD), rebate o argumento de que o poder publico local não teria se empenhado no combate às farras realizadas em solo gancheiro. “O combate a farra do boi não é de responsabilidade nossa e sim do Estado, portanto, quem tem o aparato legal são eles e não nós”, disse o gestor, ao Biguá News.
“Cobrei deles barreiras e que ocupassem a praça de ganchos como foi feito nos quatro anos anteriores, mas a resposta é sempre a mesma ‘não temos policiais’ e o senhor não se preocupa que não iremos entrar em conflito com a sociedade”, comentou.
Juliano Duarte afirma que a Prefeitura contribui com a Polícia Militar durante os 12 meses do ano, “seja com alimentação, manutenção de veículos, telefone celulares a disposição e tudo que sempre precisaram. Mobiliamos toda base junto ao portal e o pior, ‘nossos policiais não querem ocupar a base com medo’, palavras do comando local”, disse o prefeito.